Resumo
Esta pesquisa, de cunho intercultural e de caráter exploratório-descritivo, teve como objetivo identificar o posicionamento de pessoas portadoras de deficiência visual, profissionais especializados e instituições sobre os benefícios, necessidade e idade para a introdução do ensino das técnicas de Orientação e Mobilidade (OM) à criança cega congênita como elemento de alteração positiva do seu desenvolvimento global, comparando duas realidades: Brasil (Estado do Rio Grande do Sul) e Portugal (cidade do Porto e outras localidades). A revisão da literatura abordou a deficiência visual, o desenvolvimento humano sob o enfoque ecológico, o movimento e o processo de OM. Todavia, não foram encontrados trabalhos referentes ao posicionamento de pessoas deficientes visuais sobre este tema; além disto, muitos profissionais e instituições apontam diferentes idades para o ensino das técnicas de OM. Os dados foram coletados por meio da aplicação de questionários e os resultados obtidos permitiram confirmar o pressuposto de que haveria uma semelhança, em ambos os países, no posicionamento dos indivíduos deficientes visuais, profissionais e instituições quanto aos benefícios, necessidade e idade da introdução do ensino destas técnicas. A partir destes resultados e sendo a mobilidade a maior de todas as perdas do portador de cegueira, que restringe, gradativamente, sua independência e altera seu próprio estilo de vida, foi elaborado um conjunto de proposições para o ensino da OM à criança cega congênita, considerando que os recursos da aprendizagem e da utilização de suas técnicas (guia-humano, proteção e bengala) lhe oferecem condições para minimizar estes efeitos, otimizar seu desenvolvimento global e reforçar sua individualidade.