Os Banhos de Mar em São Luís no Século Xix
Por Paulo da Trindade Nerys Silva (Autor), Jhonata Ferreira Santos[ (Autor).
Em XV Congresso de História do Esporte, Lazer e Educação Física - CHELEF
Resumo
Em São Luís o banho de mar se afirma como prática social na segunda metade do século XIX. Outrora, as praias eram associadas somente ao trabalho braçal, à pesca, ao fedor (dejetos) e ao porto. Entretanto, devido às recomendações médicas as pessoas começaram a frequentar as praias. As novas formas de uso do tempo livre, nos finais de semana, feriados e férias de verão permitiram que os banhos de mar fossem incorporados ao imaginário como forma de cultura, lazer e entretenimento. A pesquisa se justifica devido à escassez de produção científica sobre a temática. Teoricamente nos apoiamos em Ginzburg (1989) para buscar referências que possibilitam ir além do documento escrito-tradicional. Recorremos aos estudos culturais nas obras de Chartier (1990) que considera as relações sociais entre práticas e representação, como o modo de ver a sociedade em uma determinada época. Buscamos em Richard Hoggart (1973), Raymond Williams (2007) e Edward P. Thompson, (1963), contribuições teórica e metodológica para a transformação do conceito de cultura. A presente investigação objetiva analisar os primórdios dos banhos de mar em São Luís. O recorte temporal abrange a segunda metade do século XIX, quando a prática dos banhos era realizada por significativa parcela da população. Revisão sistemática da literatura específica, os relatórios médicos e os anúncios em jornais do Maranhão indexados na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional. O banho de mar difundiu-se em vários pontos da ilha de São Luís influenciado pelos hábitos na corte, além das influências da população inglesa e francesa que habitavam a cidade. Identificou também o empreendedorismo que se sobressai no desenvolvimento dos balneários e, por fim, que os banhos de mar tinham objetivos terapêuticos e recreativos.
Referências
CHARTIER, Roger. A história cultural: entre práticas e representações. Lisboa: Difel, 1990.
GINZBURG, Carlo. Mitos, emblemas e sinais: morfologia e história. São Paulo: Companhia das letras, 1989.
HOGGART, Richard. As utilizações da cultura: aspectos da vida da classe trabalhadora, com especiais referências a publicações e divertimentos. Lisboa: Editorial Presença, 1973.
THOMPSON, Edward P. The making of the english working class. New York: Vintage Books, 1963.
WILLIAMS, Raymond. Palavraschave: um vocabulário de cultura e sociedade. São Paulo: Boitempo, 2007.