Os Efeitos das Estruturas de Prática nas Dimensões Relativa e Absoluta de Uma Habilidade em Um Contexto de Transferência
Por Michela Alves (Autor), Guilherme Menezes Lage (Autor), Fernanda Santos Oliveira (Autor), Herbert Ugrinowitsch (Autor), Rodolfo Novellino Lacom Benda (Autor).
Em XI Congresso de Educação Física e Ciências do Desporto dos Países de Língua Portuguesa
Resumo
Os efeitos das estruturas de prática nas dimensões relativa e absoluta da habilidade
vêm sendo investigados, permitindo assim, inferências sobre a aprendizagem do
padrão do movimento, dimensão relativa, e da capacidade de parametrização,
dimensão absoluta. Um dos achados mais consistente nesses estudos é a efetividade
da prática aleatória na aprendizagem da parametrização. Por outro lado, resultados
inconsistentes vêm sendo encontrados em relação à aprendizagem do padrão do
movimento. LAI et al. (1998, 2000) sugerem que a prática constante gera maior
estabilidade na aquisição comparada à prática variada, levando a maior aprendizagem
da estrutura do movimento independentemente do contexto dos testes. Entretanto,
GIUFFRIDA et al.(2002) e LAGE(2005) observaram que em situação de transferência
de aprendizagem, a prática constante não se mostra efetiva na aprendizagem da
dimensão relativa. Assim, é objetivo desse experimento investigar o papel das
estruturas de prática na aprendizagem das dimensões relativa e absoluta de uma
habilidade em um contexto de transferência. 30 sujeitos foram distribuídos em 3
grupos: constante (C), aleatório (A) e em blocos (B). Na 1a. fase do experimento,
aquisição, a tarefa consistiu em praticar 120 tentativas de uma seqüência de
movimentos na região alfanumérica de um teclado em tempos alvo absoluto de
700, 900 e 1.100 ms. (grupos A e B) e 900 ms. (grupo C), e, em um tempo relativo
entre as teclas (22.2% de 2 para 8, 44.4% de 8 para 6 e 33.3% de 6 para 4). 15 min
após o fim da aquisição, os participantes realizaram o teste de transferência imediata
(TI). 24 horas após o fim do TI, foi realizado o teste de transferência atrasada (TA).
Os testes constaram de 12 tentativas de prática da mesma tarefa em termos de
seqüência de movimento e tempo relativo, entretanto, em um novo tempo absoluto
(1.300 ms.). Para a análise inferencial, foram conduzidas Anovas two-way para as
médias de tempo relativo e absoluto entre o último bloco da aquisição e os testes.
Na análise do erro relativo, o grupo C apresentou desempenho inferior comparado
ao grupo B no TI (p<.05) e ao grupo A no TA (p<.01). Para o erro relativo, o grupo
C apresentou desempenho inferior comparado ao grupo B no TI (p<.01) e ao
grupo A no TI (p<.05) e no TA (p<.01). Os resultados sugerem que a estrutura de
prática constante não favorece a adaptação dos sujeitos em ambas as dimensões da
tarefa, gerando um comportamento pouco adaptável no aprendiz.