Resumo

Os efeitos das estruturas de prática nas dimensões relativa e absoluta da habilidade
vêm sendo investigados, permitindo assim, inferências sobre a aprendizagem do
padrão do movimento, dimensão relativa, e da capacidade de parametrização,
dimensão absoluta. Um dos achados mais consistente nesses estudos é a efetividade
da prática aleatória na aprendizagem da parametrização. Por outro lado, resultados
inconsistentes vêm sendo encontrados em relação à aprendizagem do padrão do
movimento. LAI et al. (1998, 2000) sugerem que a prática constante gera maior
estabilidade na aquisição comparada à prática variada, levando a maior aprendizagem
da estrutura do movimento independentemente do contexto dos testes. Entretanto,
GIUFFRIDA et al.(2002) e LAGE(2005) observaram que em situação de transferência
de aprendizagem, a prática constante não se mostra efetiva na aprendizagem da
dimensão relativa. Assim, é objetivo desse experimento investigar o papel das
estruturas de prática na aprendizagem das dimensões relativa e absoluta de uma
habilidade em um contexto de transferência. 30 sujeitos foram distribuídos em 3
grupos: constante (C), aleatório (A) e em blocos (B). Na 1a. fase do experimento,
aquisição, a tarefa consistiu em praticar 120 tentativas de uma seqüência de
movimentos na região alfanumérica de um teclado em tempos alvo absoluto de
700, 900 e 1.100 ms. (grupos A e B) e 900 ms. (grupo C), e, em um tempo relativo
entre as teclas (22.2% de 2 para 8, 44.4% de 8 para 6 e 33.3% de 6 para 4). 15 min
após o fim da aquisição, os participantes realizaram o teste de transferência imediata
(TI). 24 horas após o fim do TI, foi realizado o teste de transferência atrasada (TA).
Os testes constaram de 12 tentativas de prática da mesma tarefa em termos de
seqüência de movimento e tempo relativo, entretanto, em um novo tempo absoluto
(1.300 ms.). Para a análise inferencial, foram conduzidas Anovas two-way para as
médias de tempo relativo e absoluto entre o último bloco da aquisição e os testes.
Na análise do erro relativo, o grupo C apresentou desempenho inferior comparado
ao grupo B no TI (p<.05) e ao grupo A no TA (p<.01). Para o erro relativo, o grupo
C apresentou desempenho inferior comparado ao grupo B no TI (p<.01) e ao
grupo A no TI (p<.05) e no TA (p<.01). Os resultados sugerem que a estrutura de
prática constante não favorece a adaptação dos sujeitos em ambas as dimensões da
tarefa, gerando um comportamento pouco adaptável no aprendiz.

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