Os Efeitos da Freqüência de Demonstração na Reprodução de Uma Habilidade Motora
Por Marcia Cruz (Autor), Guilherme Menezes Lage (Autor), Robledo Coelho (Autor), Herbert Ugrinowitsch (Autor), Rodolfo Novellino Lacom Benda (Autor).
Em XI Congresso de Educação Física e Ciências do Desporto dos Países de Língua Portuguesa
Resumo
Ao observar um movimento, o aprendiz extrai importantes informações que o
auxiliam na organização e na execução de suas ações motoras. Resultados de estudos
apontam para uma maior efetividade na reprodução da habilidade quando um maior
número de demonstrações é fornecido. Entretanto, a maioria dos estudos associa à
demonstração, a quantidade de prática e o conhecimento de resultados (CR), não
permitindo investigar isoladamente o que foi extraído da informação modelada.
Uma outra questão é que as medidas utilizadas nos experimentos refletem o resultado
do movimento e não a reprodução de seu padrão. Assim, o presente estudo investigou
o efeito do número de demonstrações na reprodução motora das dimensões relativa
e absoluta de uma habilidade sem a interferência de outras variáveis. 20 participantes
foram divididos em 2 grupos: 9 demonstrações (G9) e 3 demonstrações (G3). Os
sujeitos receberam demonstrações idênticas da tarefa em um vídeo na tela do
computador, consistindo na digitação de 4 teclas na região alfanumérica do teclado
com tempos relativos de 22% do tempo total (tecla 2 para 8), 44% (8 para 6) e 33%
(6 para 4) em um tempo total de 900 ms. 3 min após as demonstrações, os sujeitos
realizaram 12 tentativas de reprodução da tarefa na região alfanumérica de um teclado,
teste T1, que foram armazenadas em 1 software para análise posterior. 24 horas
após o T1, foram realizadas mais 12 tentativas, teste T2. Não foi fornecido CR aos
sujeitos. Para a análise inferencial, foram conduzidas Anovas two-way e testes Post
Hoc de Tukey para as médias de tempo relativo e absoluto. A análise da reprodução
do tempo relativo no T1 indicou que o G9 obteve melhor desempenho que o G3
(p<0,03). Não houve diferença significativa entre grupos de prática no T2 (p=0,92).
Na análise do tempo absoluto não foi encontrada diferença significativa entre grupos
para T1 (p=0,10) e T2 (p=0,80). O número de demonstrações não interferiu na
característica mais simples da habilidade, tempo absoluto. Entretanto, para a
reprodução da dimensão relativa, a mais complexa da habilidade, um maior número
de demonstrações foi mais efetivo na reprodução motora. Não houve diferença
entre grupos para o T2, sugerindo que a demonstração per si, não foi capaz de gerar
mudanças permanentes no comportamento, ou seja, aprendizagem. Conclui-se que
uma maior quantidade de demonstrações auxilia no processamento das informações
referentes ao padrão do movimento para o controle motor após a modelagem.