Os Espaços das Cidades e os Megaeventos Esportivos: Uma Análise da Copa do Mundo de Futebol 2014 na Região Sul do Brasil
Por Emília Amélia Pinto Costa Rodrigues (Autor).
Em Licere v. 20, n 1, 2017. 2 Páginas.
Resumo
A vinda da Copa do Mundo de Futebol para o Brasil é vista como uma possibilidade para a reestruturação das cidades-sede, no que tange às questões de mobilidade, segurança, moradia, estádios, espaços públicos de esporte e de lazer. Porém, pode acarretar alguns pontos negativos, como a segregação a partir das desapropriações de comunidades, interferência na cultura local, elevado gasto público, obras atrasadas. Sediar a copa, trata-se de um marco histórico para o esporte e lazer, principalmente no que diz respeito aos possíveis legados que podem ser efetivados. Neste sentido, questiona-se: como se deu o processo de transformação, participação e apropriação das cidades-sede da Copa do Mundo de Futebol de 2014, no que se refere aos espaços e equipamentos de esporte e lazer? O objetivo geral da tese foi analisar o impacto social da Copa do Mundo de Futebol 2014 sobre as cidades-sede da região Sul do Brasil relacionado aos espaços e equipamentos de lazer e esporte. Os objetivos específicos foram: diagnosticar as transformações das cidades-sede da região Sul a fim de identificar as mudanças ocorridas nos espaços e equipamentos de lazer e esporte; identificar as principais mudanças que ocorreram nos espaços de lazer do entorno dos estádios-sede com intuito de caracterizar as possibilidades de interesse de vivências de lazer e práticas corporais; descrever os estádios das cidades-sede do sul do Brasil verificando o que influenciou as (re)criações de suas estruturas, quais suas principais características e as atividades relacionadas ao lazer e ao esporte. Os espaços estudados foram o entorno dos estádios-sede de Curitiba e de Porto Alegre. Participaram do estudo gestores das cidades estudadas, e, frequentadores dos espaços de lazer do entorno dos estádios delimitados. Os resultados remeteram a três categorias: 1. Mudanças nas cidades-sede e megaeventos esportivos, que abordou as modificações estruturais e simbólicas que ocorreram nas cidades-sede, principalmente no entorno dos estádios, foram elas: alargamento das ruas, melhoria nas calçadas, iluminação, trajeto facilitado entre aeroporto-estádio. As negativas foram: atrasos, obras inacabadas, falta de identidade local com o modelo arquitônico proposto, entre outros. 2. Espaço e vivências de lazer e práticas corporais em tempos de Copa do Mundo, que destacou os impactos nos espaços e equipamentos de esporte e lazer. A principal mudança foi na praça Afonso Botelho em Curitiba. No parque Marinha do Brasil em Porto Alegre, houve melhorias nas quadras e na iluminação. Essas transformações no espaço público geraram possibilidades de lazer e potencialização de novas práticas corporais. 3. Jogos, remoções e melhorias nas cidades-sede, que se destacaram as questões relacionadas ao acesso aos ingressos, remoções desumanas pela reestrutração das cidades em função dos jogos. Os resultados indicam que as mudanças se restringiram aos estádios privados e seu entorno e, houve pouca participação comunitária no processo seu entorno e, houve pouca participação comunitária no processo de transformação. Embora tenha-se hoje nas duas cidades estudadas, grandiosos estádios, há falta de acesso aos estádios, de informação, de novas experiências no âmbito do esporte e lazer. Mesmo que as questões sociais sejam pensadas na elaboração de um megaevento esportivo, ainda falta muito para se chegar a um ideal.