Resumo


Na educação escolar pública do estado de São Paulo, além do momento de aprendizagem do esporte nas aulas de Educação Física, os alunos também têm a possibilidade de participar de atividades esportivas no contraturno, nas chamadas turmas de Atividades Curriculares Desportivas (ACDs) que possuem três categorias de modalidades: esportes (individuais e coletivos), lutas e ginásticas. As ACDs vêm sendo realizadas desde 2001 nas escolas estaduais de São Paulo, contudo, ainda carecem de estudos que nos ajudem a compreender tanto sua caracterização quanto seu processo de desenvolvimento no ambiente escolar. Neste sentido, os objetivos do presente artigo foram identificar e analisar as ACDS de esportes coletivos desenvolvidas nas escolas pertencentes a uma diretoria de ensino no interior de São Paulo. A pesquisa, de abordagem qualitativa, envolveu análise documental e investigação de campo. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com 17 professores e aplicado questionário a 292 alunos, todos estes envolvidos nas turmas de ACDs. Os resultados, após intensa leitura e relações com a literatura correspondente, foram organizados em três categorias de análise, a saber: Circunscrevendo as ACDs (modalidades, gênero e faixa etária); Metodologias de ensino; Expectativas em relação às ACDs. Os dados evidenciados nas três categorias explicitam que o futsal é a modalidade mais presente nas escolas, as turmas masculinas são mais frequentes, as metodologias de ensino baseiam-se majoritariamente em práticas tradicionais de ensino, as expectativas dos docentes relacionam-se mais com os resultados nos jogos escolares enquanto a dos alunos se assenta no gosto pelo esporte que praticam. Nesse sentido, evidenciamos a necessidade de programas de formação continuada que possam desconstruir a visão esportiva seletiva e excludente dos docentes, circunscrita pelo esporte de alto-rendimento. Se quisermos defender uma escola democrática e inclusiva tal visão do esporte precisa ser modificada.

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