Os Fatores Sociodemográficos Moderam a Associação da Prática de Atividade Física dos Pais e Amigos com o Nível de Atividade Física dos Adolescentes?
Por Jose Cazuza de Farias Junior (Autor), Joana Marcela Sales de Lucena (Autor), Jacqueline de Oliveira Mendes (Autor), Gerfeson Mendonça (Autor).
Em Revista Brasileira de Atividade Física & Saúde - RBAFS v. 24, n 1, 2019.
Resumo
Resumo
O objetivo deste estudo foi analisar se os fatores sociodemográficos moderam a associação da prática de atividade física dos pais e dos amigos com o nível de atividade física dos adolescentes. Trata-se de um estudo epidemiológico transversal, realizado com 2.859 adolescentes (57,8% sexo feminino) de 14 a 19 anos de idade do município de João Pessoa, Paraíba. O nível de atividade física dos adolescentes e a prática de atividade física dos pais e dos amigos foram mensurados por questionários. A prevalência de adolescentes fisicamente ativos foi de 50,2% (IC95%: 47,3-53,1), sendo mais elevada no sexo masculino (66,3%; IC95%: 63,7-69,0) comparada ao feminino (38,4%; IC95%: 36,1-40,8). Os resultados da regressão logística binária demostraram que há associação entre a prática de atividade física dos pais e dos amigos e o nível de atividade física dos adolescentes (p < 0,001). No entanto, essa associação é moderada por fatores sociodemográficos (sexo e classe econômica). A magnitude da medida de associação entre a prática de atividade física dos amigos e a dos adolescentes foi mais elevada nos adolescentes do sexo masculino (OR = 5,02; IC95%: 2,73-9,26 vs. feminino OR = 2,21; IC95%: 1,55-3,14) e de classe econômica A/B (OR = 3,90; IC95%: 2,39-6,39 vs. classe C/D/E: OR = 2,27; IC95%: 1,53-3,37). A prática de atividade física da mãe se associou de forma significativa e positiva com o nível de atividade física nos adolescentes de classe econômica A/B (OR = 1,87; IC95%: 1,32-2,62). Conclui-se que os fatores sociodemográficos moderam a associação da prática de atividade física dos amigos e da mãe com o nível de atividade física dos adolescentes. A magnitude da associação entre essas variáveis variou com o sexo e a classe econômica dos adolescentes.
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