Os ídolos do esporte, afinal, qual o papel desejado socialmente?
Integra
João Roberto Basílio, ou simplesmente Basílio ou “Pé de Anjo”. Foi dele o gol que devolveu ao Corinthians a condição de campeão paulista em 1977, após um jejum de quase 23 anos sem conquistas importantes no futebol. Basílio nasceu e cresceu no Bairro da Casa Verde em São Paulo, onde começou a jogar futebol e fincou suas raizes culturais e comunitárias. Pode-se afirmar que a Casa Verde é um marco inicial da herança cultural negra que se espalha pela zona norte da cidade.
O bairro da Casa Verde, para os que não sabem, foi um local de abrigo para famílias negras que viviam em cortiços de outros bairros, como o Bixiga, Barra Funda, Sé, Bom Retiro e Baixada do Glicério. No início do século XX, São Paulo, assim como a cidade do Rio de Janeiro, sofreram intervenções urbanas higienistas e eugenistas, que tinham como alvo expulsar a população preta e pobre dos bairros centrais. No Rio de Janeiro, a população preta teve que subir o morro, dando origem às favelas cariocas. Em São Paulo, a população preta teve que fugir para a periferia da cidade.
Foi na periferia que nasceram as escolas de samba paulistas, o futebol de várzea se organizou, os terreiros de candomblé e a cultura de origem africana se manteve viva.
Alguns exemplos são as escolas de samba Unidos do Peruche, Morro da Casa Verde e Império de Casa Verde, só para citar algumas. Basílio desde quando jogava profissionalmente tinha preocupações comunitárias. Seu projeto social ocupava o campo de futebol Cruz da Esperança, localizado na Ponte da Casa Verde sentido Santana.
Basílio apesar de ter se transformado em um dos maiores ídolos da história do Corinthians, nunca perdeu suas ligações com o bairro da Casa Verde e mantém até os dias atuais atuação na região. É um ídolo permanente.