Resumo

Os Jogos Escolares Brasileiros (JEBs) são um evento esportivo competitivo de esporte escolar que são realizados desde 1969. No decorrer de sua história, os JEBs foram sendo reformulados e gerenciados por diferentes agentes e instituições governamentais. A partir de 2005, o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) passou a ser o principal organizador, contando ainda com o apoio do Ministério do Esporte (ME) e das Organizações Globo (OG). Esse novo cenário apontou para uma possível modernização desses eventos. Considerando esse nova fase, estabelecemos como objetivo central desse estudo: analisar o desenvolvimento dos Jogos Escolares Brasileiros no período entre 2005 e 2014, sob o ponto de vista do seu modelo de organização e das dinâmicas de agentes, instituições e estruturas envolvidas. Visando atender ao objetivo proposto, o presente estudo trata-se de uma pesquisa qualitativa e quantitativa, com dados advindos de documentos (Regulamentos Gerais dos JEBs; Boletins oficiais de resultados finais; revista publicada pelo COB) e entrevistas (dois agentes do ME e um do COB). Para análise dos dados apropriamo-nos de estudos que discutem o campo esportivo na contemporaneidade, bem como, os pressupostos teórico-metodológicos de Pierre Bourdieu e sua Teoria dos Campos. A partir dos resultados dessa pesquisa, nota-se que os JEBs no período de 2005 a 2014 apresentaram diversos sintomas de modernização, como a garantia de financiamento; a ampliação do número de alunos e escolas atendidos; o aumento no número de modalidades; a modernização das instalações, tanto em termos de competição esportiva, quanto em termos de alojamento das delegações; a projeção internacional do evento, de alunos e professores envolvidos; a exigência técnica e padronizada, atendendo às instituições reguladoras; a inserção de atividades que abordam temas globais mais amplos como a sustentabilidade; e a presença da mídia na veiculação dos JEBs e a consequente abertura para a entrada de patrocinadores. No entanto, notamos que o rendimento esportivo permaneceu como pano de fundo legitimador, sustentando a antiga crença do esporte escolar como o "redentor" do esporte brasileiro. No discurso dos agentes há uma forte tendência à ideia de talento esportivo e da formação de uma base para o topo do alto rendimento, fato que aponta para um subcampo dominado pelo campo do esporte. Desse modo, esses eventos tem se configurado pela reprodução de modelos do esporte de rendimento, demonstrando uma reprodução de estruturas de poder. Assim, o trabalho avança no sentido de que os JEBs no período de 2005 a 2014 transitam entre a modernização e a reprodução, uma "modernização conservadora" ou uma "reprodução modernizada". Palavras-chave: Esporte. Esporte escolar. Competições Escolares Brasileiras. Sociologia do Esporte.

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