Sobre
Explicação ao leitor
O autor não fez nenhum esforço para que este ensaio tivesse cunho "acadêmico" ou tomasse a forma de "tese", segundo os manuais a que os futuros mestres e doutores devem ater-se para conquistar o direito de ver seus trabalhos intelectuais aprovados pelos teólogos que velam pela ortodoxia da "fé científica". Não nos propusemos, também, a fazer o costumeiro exercício de exegese das modernas bíblias do discurso contes-tatório regulamentado (Marx, Freud, etc.). Nunca, a nosso ver, a atividade intelectual académica pareceu-se tanto com a quiromania escolástica medieval como neste instante no Brasil (a reflexão oficializada das escolas parece ter-se reduzido à estrita hermenêutica de textos sagrados). Não conseguimos, também, povoar o texto de estatísticas, o truque retórico que pretende transmitir à argumentação caráter de respeitabilidade. Apesar de estas considerações resultarem de quinze anos de experiências diárias vividas no contato concreto com as pessoas, grupos e instituições, convencemo-nos, quando tentávamos tabular os inquéritos, de que o estudo sistêmico do fenômeno biológico (para nós a sociologia é, apenas, uma forma especializada de biologia) não se coaduna com esta simplória aritmética elementar, na medida em que cada indivíduo ou grupo é uma originalidade singular que não comporta comparações quantitativas. Assim, conformamo-nos com o risco de permanecer "teóricos", confiados em Kurt Lewin, que costumava afirmar que "nada mais prático que uma boa teoria"...
Mas, não é só. O texto foi sendo escrito, vagarosamente, em longos anos, a partir das exigências circunstanciais de múltiplas motivações surgidas em grupos ou em auditórios com interesses diferentes, agravadas pelo fato de ter o autor, também, evoluído ou regredido sob o impacto dos acontecimentos e da reflexão que se fazia, internacional-mente, na área de sua atividade profissional. Assim é que, em vários momentos, supôs ter concluída uma síntese que logo se revelava insuficiente, exigindo reiniciar, pacientemente, nova elaboração, vindo essa fragmentação a refletir-se nos textos transformados em capítulos.
Índice
Explicação ao leitor
Introdução
Pré-noções, axiomática ou mudança dos paradigmas 3
Introdução 13
Capitulo 1. O ponto nevrálgico: socialização do pensamento 27
Capitulo 2. Moral como regulação das relações interindividuais 34
Capitulo 3. Transformação histórica das estruturas de relaciona-mento dos indivíduos na sociedade• 45
Capitulo 4. O arcaísmo funcional do principio da autoridade .. 52
Capítulo 5. Hierarquia, atomização do poder? 60
Capítulo 6. A abstração como forma de dominação 68
Capitulo 7. operacionalização progressiva das estruturas de rela-cionamento 75
Capitulo 8. A comunidade como operacionalização do clã familiar 81
Capitulo 9. Incompatibilidade entre a liberdade e o poder 90
Capitulo 10. As condições psicológicas da liberdade nas relações ▪ 108
Capitulo 11. As raizes biológicas do amor 122
Capitulo 12. O sexo como modelo básico de interação 140
Capitulo 13. Erotismo como mecanismo de interação corporal 151
Capítulo 14. Os mecanismos das relações interindividuais 164
Capitulo 15. Os pressupostos de uma pedagogia da socialização . • 174
Capitulo 16. Pacto cibernético: a tomada de consciência da própria atividade 191
Capitulo 17. O conflito entre o clã familiar e a instituição 202
Capitulo 18. Organização social a serviço das necessidades indivi-duais 217
Capitulo 19. A formação do homem e a construção da sociedade ▪ 230
Capitulo 20. A dominação é um circulo vicioso 236
Capitulo 21. A dominação como frenagem da evolução (filogênese) e do desenvolvimento (ontogênese) 243
Capitulo 22. A institucionalização do conflito 252
Capitulo 23. Origem do poder 263
Capitulo 24. Opção entre confronto molar e organismo celular • 273
Capitulo 25. A história como processo de operacionalização pro-gressiva das relações sociais 283
Capitulo 26. A "coletivização" como processo evolutivo • 293
Capitulo 27. O "capital" como expressão da segurança antecipada do indivíduo 300
Capitulo 28. A empresa como "locas vivendi" 308
Capitulo 29. Público, privado e governamental: o núcleo mediador 316
Capitulo 30. O novo pacto social 325
Documentos 339