Editora Polis. Brasil 1980. 373 páginas.

Sobre

Explicação ao leitor 
O autor não fez nenhum esforço para que este ensaio tivesse cunho "acadêmico" ou tomasse a forma de "tese", segundo os manuais a que os futuros mestres e doutores devem ater-se para conquistar o direito de ver seus trabalhos intelectuais aprovados pelos teólogos que velam pela ortodoxia da "fé científica". Não nos propusemos, também, a fazer o costumeiro exercício de exegese das modernas bíblias do discurso contes-tatório regulamentado (Marx, Freud, etc.). Nunca, a nosso ver, a atividade intelectual académica pareceu-se tanto com a quiromania escolástica medieval como neste instante no Brasil (a reflexão oficializada das escolas parece ter-se reduzido à estrita hermenêutica de textos sagrados). Não conseguimos, também, povoar o texto de estatísticas, o truque retórico que pretende transmitir à argumentação caráter de respeitabilidade. Apesar de estas considerações resultarem de quinze anos de experiências diárias vividas no contato concreto com as pessoas, grupos e instituições, convencemo-nos, quando tentávamos tabular os inquéritos, de que o estudo sistêmico do fenômeno biológico (para nós a sociologia é, apenas, uma forma especializada de biologia) não se coaduna com esta simplória aritmética elementar, na medida em que cada indivíduo ou grupo é uma originalidade singular que não comporta comparações quantitativas. Assim, conformamo-nos com o risco de permanecer "teóricos", confiados em Kurt Lewin, que costumava afirmar que "nada mais prático que uma boa teoria"...

Mas, não é só. O texto foi sendo escrito, vagarosamente, em longos anos, a partir das exigências circunstanciais de múltiplas motivações surgidas em grupos ou em auditórios com interesses diferentes, agravadas pelo fato de ter o autor, também, evoluído ou regredido sob o impacto dos acontecimentos e da reflexão que se fazia, internacional-mente, na área de sua atividade profissional. Assim é que, em vários momentos, supôs ter concluída uma síntese que logo se revelava insuficiente, exigindo reiniciar, pacientemente, nova elaboração, vindo essa fragmentação a refletir-se nos textos transformados em capítulos. 

Índice

Explicação ao leitor   
Introdução
Pré-noções, axiomática ou mudança dos paradigmas  3 
Introdução     13 
Capitulo 1. O ponto nevrálgico: socialização do pensamento   27 
Capitulo 2. Moral como regulação das relações interindividuais   34 
Capitulo 3. Transformação histórica das estruturas de relaciona-mento dos indivíduos na sociedade• 45 
Capitulo 4. O arcaísmo funcional do principio da autoridade .. 52 
Capítulo 5. Hierarquia, atomização do poder?   60 
Capítulo 6. A abstração como forma de dominação   68 
Capitulo 7. operacionalização progressiva das estruturas de rela-cionamento   75 
Capitulo 8. A comunidade como operacionalização do clã familiar 81 
Capitulo 9. Incompatibilidade entre a liberdade e o poder  90 
Capitulo 10. As condições psicológicas da liberdade nas relações   ▪ 108 
Capitulo 11. As raizes biológicas do amor   122 
Capitulo 12. O sexo como modelo básico de interação   140 
Capitulo 13. Erotismo como mecanismo de interação corporal   151 
Capítulo 14. Os mecanismos das relações interindividuais   164 
Capitulo 15. Os pressupostos de uma pedagogia da socialização . • 174 
Capitulo 16. Pacto cibernético: a tomada de consciência da própria atividade 191 
Capitulo 17. O conflito entre o clã familiar e a instituição   202 
Capitulo 18. Organização social a serviço das necessidades indivi-duais    217 
Capitulo 19. A formação do homem e a construção da sociedade   ▪ 230 
Capitulo 20. A dominação é um circulo vicioso   236 
Capitulo 21. A dominação como frenagem da evolução (filogênese) e do desenvolvimento (ontogênese)   243 
Capitulo 22. A institucionalização do conflito   252 
Capitulo 23. Origem do poder   263 
Capitulo 24. Opção entre confronto molar e organismo celular • 273 
Capitulo 25. A história como processo de operacionalização pro-gressiva das relações sociais   283 
Capitulo 26. A "coletivização" como processo evolutivo •  293 
Capitulo 27. O "capital" como expressão da segurança antecipada do indivíduo   300 
Capitulo 28. A empresa como "locas vivendi"     308 
Capitulo 29. Público, privado e governamental: o núcleo mediador 316 
Capitulo 30. O novo pacto social   325 
Documentos   339