Resumo

No ano de 2014, temos o retorno da Copa do Mundo FIFA para o Brasil depois de 64 anos, como também seu retorno para a América Latina após o México sediar o evento em 1986. Em 2016, o Rio de Janeiro sediará os Jogos Olímpicos pela segunda vez na América Latina após 48 anos e pela primeira vez América do Sul. Desde as ocasiões anteriores que um país latino-americano recebeu tais eventos, eles sofreram grandes modificações em sua proporção e organização, tendo ao seu redor uma estrutura profissional que se tornou especializada em monetizar paixões e emoções baseado em um forte investimento público dos países sede. Nessas novas circunstâncias, os discursos tomam inúmeros formatos para defender a realização do evento e convencer uma audiência local e internacional sobre sua importância. Uma linha que se costuma seguir é na possibilidade – nesses dois casos – de posicionar o Brasil internacionalmente como representante dos demais países da América do Sul e da América Latina. Com o objetivo de compreender as possibilidades e limitações desse raciocínio, o presente trabalho utiliza, em especial, análises de cunho político-internacional para sua argumentação. Inicialmente, apresentamos o debate conceitual acerca do termo megaeventos esportivos, que embora não alcance uma unanimidade, pode ser definido a partir de critérios quantitativos e qualitativos de alcance e significância internacional. Em seguida, a revisão das candidaturas brasileiras a tais eventos demonstra que as iniciativas são nacionais apesar dos discursos apresentarem-nas como regionais. Ao final, defendemos que a realização dos megaeventos esportivos se embasam em estratégias para liderança ou domínio regional de um país, diferentemente da imagem de afetividade e laços identitários que políticos e mídia tentam defender para respaldar as posições dessas candidaturas como representação continental no cenário internacional.
 

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