Resumo
Analisa como os articulistas em circulação na imprensa periódica de ensino e de técnicas (1932-1960), fundamentados nos métodos sueco e alemão, orientavam o ensino da Educação Física. De modo particular, investiga os processos com os quais esses impressos se constituíam em dispositivos de uso didático-pedagógico, favorecendo a inserção e consolidação da Educação Física nos currículos escolares. Assume como referência os pressupostos teórico-metodológicos da análise críticodocumental (BLOCH, 2001), do paradigma indiciário (GINZBURG, 1989), e o conceito de relações de força (GINZBURG, 2002). O foco no processo de delimitação do corpus documental voltou-se para matérias caracterizadas em orientações didáticopedagógicas fundamentadas nos métodos sueco e alemão. Os 300 artigos mapeados estão assim distribuídos: REF (68), REPhy (121), RBEF (88), BEF (10) e AENEFD (13). A dissertação possui três eixos de análise, intrinsicamente relacionados: a) o modo como os métodos sueco e alemão foram debatidos e postos em circulação, problematizando ainda o perfil editorial dos impressos na correlação com os métodos analisados; b) os articulistas, seus vínculos institucionais e suas trajetórias formativas, cuja finalidade era identificar os diferentes grupos que publicavam sobre os métodos sueco e alemão, bem como as suas características; c) o modo como os articulistas, fundamentado nos métodos sueco e alemão, organizavam o ensino da Educação Física, conformando as revistas em dispositivos de uso didático-pedagógico. O processo de análise evidenciou o que, apesar do método francês, tenha sido oficializado como aquele que fundamentaria o ensino da Educação Física nas instituições secundárias, os editores e articulistas elaboravam táticas para divulgar orientações didático-pedagógicas fundamentadas nos métodos sueco e alemão, sinalizando que, mesmo que não fossem considerados oficiais, ambos os métodos ofereciam os subsídios necessários para inserir e fortalecer a Educação Física nos currículos escolares.