Integra

A Comissão que estuda a reforma ao estatuto do COB está na contramão das prioridades reais. Parece que os problemas do nosso esporte estão todos centralizados no Comitê Olímpico, e que mudando o estatuto resolve-se tudo. Precisamos, antes, de uma revisão geral, porque o esporte não se sustenta exclusivamente da Lei Piva! Precisamos de uma revisão que envolva o corrupto Ministério do Esporte e a ineficiente atuação das federações!

Senhores, o nosso esporte foi riquíssimo nos últimos 14 anos (2003 a 2016): Lei Piva, Lei de Incentivo, estatais, convênios com o Ministério do Esporte! E ninguém reclamou nos tempos de fartura. Usaram e abusaram. O próprio presidente do COB Paulo Wanderley, se beneficiou desse sistema, enquanto ministros se sucediam sem dizer a que vieram.  Aliás, no Ministério, fechar os olhos às prestações de contas das verbas liberadas fazia parte da corrupção, nessa “era moderna”, iniciada sob  Agnelo Queiroz ...  2003... Agora, querem uma reforma individualizada, quando todas as confederações continuarão com acesso às outras fontes “PÚBLICAS”?

Para melhor entender: houve casos em que a CBDA, por exemplo, pegava verba do patrocínio dos Correios, da Lei Piva, da Lei de Incentivo e de convênios com o Ministério do Esporte. A justificativa era, em tese, a mesma: “preparar a equipe olímpica”...  E vários clubes de ponta, Brasil afora, também captavam verbas da Lei de Incentivo com o mesmo objetivo: “preparar a equipe olímpica”. E o atleta, por sua vez, financiado pela confederação e clube, tinha Bolsa Atleta federal, Bolsa estadual, patrocínio estatal... E, na fartura, ninguém reclamava.

Precisamos de reformas, com certeza. Mas não sem, antes, termos uma rigorosa reavaliação do sistema como um todo, para depois fazer os ajustes em cada ente envolvido. Sem esquecer que o “sistema” é corrupto!!! Uma reforma que identifique isso, os pontos de corrupção. Os problemas do nosso estão não estão exclusivamente no COB.  Lá, estava o autoritarismo que, espero, tenha acabado.  O problema está no sistema, viciado, mas até agora intocável.