Os Processos Cognitivos dos Alunos «mais» e «menos» Dotados em Educação Física: Uma Abordagem Interpretativa
Por Paulo Alberto da Pereira (Autor), Fátima Bento (Autor), Antônio Cardoso (Autor).
Em XVI Congresso de Ciências do Desporto e Educação Física dos Países de Língua Portuguesa
Resumo
Atualmente um dos paradigmas da investigação sobre o ensino da Educação Física (EF) mais relevantes é o do pensamento dos alunos (Piéron, 1999). Enquadrado neste paradigma, o nosso estudo teve como principal propósito a análise dos pensamentos dos alunos em EF, recorrendo a uma abordagem interpretativa. Concretamente, pretendeu-se comparar os pensamentos dos “melhores” (mais dotados) e “piores” (menos dotados) alunos em EF. Participaram neste estudo 8 alunos de duas turmas do 9º ano de escolaridade. Os instrumentos de recolha de informação que utilizámos foram as entrevistas. Os resultados revelam que: os “melhores” alunos têm, antes e durante a realização da tarefa, mais pensamentos relacionados com a habilidade que estava a ser ensinada; os dois grupos de alunos não se diferenciam em relação à orientação de objetivos de realização no contexto da EF, manifestando ambos uma orientação para a tarefa; os “melhores” alunos percecionam-se como competentes em EF, enquanto os menos dotados consideram-se “fracos” alunos; os melhores alunos referem que os seus bons resultados em EF são uma consequência das suas boas capacidades desportivas, elevada motivação e esforço que despendem nas aulas; os melhores alunos manifestam um nível de atitudes face à EF muito mais favorável; os melhores alunos tendem a considerar mais frequentemente a EF uma disciplina importante na sua formação global; os dois grupos de alunos consideram como objetivos prioritários da EF o “desenvolvimento da condição física” e “promoção de aprendizagens”; os melhores alunos apresentavam uma satisfação face às aulas mais elevada que os seus colegas menos hábeis.