Os protestos em defesa da democracia. Um estudo sobre a ação das torcidas antifascistas em junho de 2020
Por Robson Carvalho (Autor).
Resumo
O objeto empírico deste trabalho se encontra no espaço dos grupos autodeclarados como coletivos antifascistas brasileiros, no âmbito das torcidas organizadas de futebol e foco na pioneira e líder: Democracia Corinthiana. A pretensão é colaborar com uma visão sobre o papel desempenhado por elas em seu reaparecimento no cenário político brasileiro, nos protestos de junho de 2020, ao empunhar uma bandeira em comum – Somos Democracia, contra o autoritarismo do governo Bolsonaro e seus seguidores que defendiam, inclusive, “intervenção militar com Bolsonaro”. O Somos Democracia reuniu nas principais capitais do país e especialmente em São Paulo, coletivos antifascistas de diversas torcidas organizadas de futebol, inclusive rivais entre si. Após uma revisão analítica de alguns fatos históricos que relembram as conexões entre a política e o futebol, o contexto contemporâneo será aprofundado por meio de entrevista com um jovem líder da torcida antifascista corinthiana. O desafio é tentar compreender o contexto e o porquê desses coletivos terem ido às ruas, como se articularam em plena pandemia, quais foram as principais adaptações em seus repertórios, e qual foi o papel das redes e mídias sociais digitais durante o período. A teoria da democracia participativa reconhece legitimidade democrática nas formas amplas de participação política extra-institucionais, que contemplam tipos de protestos e ações políticas, como as realizadas por esses coletivos em junho de 2020 no Brasil.