Os Sentidos da Aventura no Lazer de Caminhantesperegrinos do Caminho do Sol
Por Eliete Cardozo (Autor), Vera Lucia Costa (Autor), Yara Cerqueira Montenegro Osorio Lacerda (Autor).
Em XI Congresso de Educação Física e Ciências do Desporto dos Países de Língua Portuguesa
Resumo
Na busca de ocupar o tempo livre o homem reencontra o bem-estar através do
lazer que há muito havia se afastado, e esse lazer ressurge com a roupagem da
aventura.A partir dessa reflexão levantamos as seguintes questões: Que sentidos de
lazer começam a ser produzidos a partir desse novo estilo de vida? De que modo
essa aventura que faz romper o cotidiano do homem na atualidade pode favorecer
outras sensações e descobertas? Encontrar esse caminho não é simples; é preciso
adentrar no mundo do sagrado e despir-se das heranças cartesianas. O objetivo do
trabalho foi investigar os sentidos da aventura de caminhar por lazer no imaginário
de caminhantes-peregrinos que trilharam o Caminho do Sol. O estudo tem
características qualitativas, baseadas nos princípios do estudo de caso. A amostra foi
formada pelo depoimento de nove caminhantes-peregrinos, colhidos no site da
internet http://www.caminhodosol.org/batepapo.htm. Para analisar esses
depoimentos recorremos ao método de Análise do Discurso (AD) proposto por
ORLANDI (1989, 1994, 2000, 2001) e ao método da Análise Imagética proposto por
DURAND (2001). Os resultados indicaram que o caminhante-peregrino percorre o
Caminho do Sol e trilha a trajetória do herói, do reencantamento, da reintegração
do corpo e do espírito, e do encontro com Deus, como caminhos que levam a
felicidade. Na trajetória heróica o caminhante-peregrino rompe com seu cotidiano,
trilha o Caminho do Sol e acidentalmente é lançado a fazer a sua caminhada interior,
sentindo espanto e surpresa.A relação que o caminhante-peregrino estabelece com
a natureza é uma relação de reencantamento, um retorno ao que acontecia na
modernidade antiga. Nesse período predominava o encantamento do mundo, onde
o significado da vida do homem estava diretamente relacionado com a contemplação
e a interação que o homem mantinha com a natureza. O sentimento de união do
corpo e o espírito é uma prática remota, relacionada com a natureza e encontrada
em civilizações muito antigas, mas o homem se afastou do entendimento de si
como portador de corpo e espírito que vivia em harmonia, e se lançou a valorizar
apenas aquilo que via, deixando o seu lado sensível ao segundo plano. A vivencia
dessa magia que o caminhante-peregrino experimenta nos remete ao que OTTO
(1992) chama de numinoso, criam-se laços entre o caminhante-peregrino, com seu
corpo em movimento a trilhar o Caminho do Sol, e o sagrado, a sensação de Deus
aflorando a partir da interação que.