Oxidação de Substratos Energéticos em Protocolos de Treinamento Contínuo de Intensidade Moderada e Intervalado de Alta Intensidade em Obesos
Por Ariane Goularte Luçardo (Autor), Breno Berny Vasconcelos (Autor), Gabriel Völz Protzen (Autor), Bruno Dias (Autor), Rodrigo Del Ponte da Silva (Autor), Fabrício Boscolo Del Vecchio (Autor).
Em 40º Simpósio Internacional de Ciências do Esporte SIMPOCE
Resumo
Introdução: A obesidade é uma patologia de alta prevalência e exercícios físicos são indicados para seu manejo. O treinamento aeróbio é amplamente utilizado em intervenções com população obesa e, entre os protocolos utilizados, indica-se o treinamento contínuo de intensidade moderada (TCIM) e o treinamento intervalado de alta intensidade (TIAI). Apesar de ambos apresentarem impacto positivo, suas diferenças metodológicas ocasionam desfechos fisiológicos agudos distintos. Um deles é oxidação de substratos energéticos para manutenção do exercício. Objetivo: O objetivo do estudo foi mensurar e comparar a oxidação de carboidratos e lipídeos de protocolos de TCIM e TIAI em indivíduos obesos. Materiais e Métodos: Conduziu-se estudo experimental, de medidas repetidas e contrabalanceado. Participaram 22 sujeitos obesos do sexo masculino (179±7 cm, 103,15±10,2 kg, 32,3±1,9 kg/m²), os quais realizaram 3 visitas ao laboratório para coleta de dados, com 48-72h de intervalo entre elas. Na primeira visita, após assinar o TCLE, ocorreu avaliação antropométrica e teste incremental progressivo em cicloergômetro (ERGOFITTM, Alemanha) para mensuração da Potência Aeróbia Máxima. Para o teste incremental os indivíduos executaram aquecimento de 5 minutos a 50W com cadência de 50rpm e em seguida começaram o teste com carga inicial de 100W e incrementos de 25W a cada 2 minutos, até chegarem à exaustão. Nas visitas 2 e 3 foram realizados, de forma randomicamente selecionada, os protocolos de TCIM e TIAI, ambos no mesmo cicloergômetro. O protocolo de TCIM envolveu esforço de 20 minutos a 60% da Potência Aeróbia Máxima, com cadência entre 60 e 80 rpm. O protocolo de TIAI envolveu 10 estímulos de 30 segundos a 120% da Potência Aeróbia Máxima intercalados por 30 segundos de recuperação passiva.A oxidação dos substratos energéticos (carboidratos e lipídeos) foi calculada através das equações de Frayn, desprezando-se a oxidação proteica. Para tal, os dados de consumo de oxigênio foram coletados durante os protocolos de treinamento através de espirômetro (VO2000TM, MedGraphicsTM).Para a análise estatística, a normalidade dos dados foi testada através do teste de esfericidade de Mauchly. Após, foi realizada análise de variância (ANOVA) com medidas repetidas e post-hoc de Bonferroni entre substratos e protocolos de treinamento. As análises foram rodadas no pacote estatístico SPSS 20.0. Resultados: Os valores de oxidação de substratos nos protocolos TCIM e TIAI estão dispostos na Figura 1. No protocolo de TCIM, os sujeitos oxidaram 1913,1±436,61 mg/min de carboidratos e 355,0±171,64 mg/min de lipídeos. Já no protocolo de TIAI, os sujeitos oxidaram 2125,4±463,21 mg/min de carboidratos e 147,4±166,52 mg/min de lipídeos. O teste de variância indicou diferenças na oxidação de substratos energéticos entre os dois protocolos (F(1;21)=1332,31; p<0,001; η2p=0,984), e o post-hoc de Bonferroni apontou diferenças para oxidação de lipídeos entre TCIM e TIAI (p<0,001). Não foi observada diferença significativa para oxidação de carboidratos entre TCIM e TIAI (p=0,299).
FIGURA 1 – Oxidação de glicose e lipídeos em protocolos de treinamento contínuo de intensidade moderada e intervalado de alta intensidade em sujeitos obesos (N=22). Conclusões: Conclui-se que indivíduos obesos oxidam maior quantidade de lipídeos em protocolo de TCIM do que em protocolo TIAI. Não há diferenças na oxidação de carboidratos entre os protocolos