Resumo

Introdução: A obesidade é uma patologia de alta prevalência e exercícios físicos são indicados para seu manejo. O treinamento aeróbio é amplamente utilizado em intervenções com população obesa e, entre os protocolos utilizados, indica-se o treinamento contínuo de intensidade moderada (TCIM) e o treinamento intervalado de alta intensidade (TIAI). Apesar de ambos apresentarem impacto positivo, suas diferenças metodológicas ocasionam desfechos fisiológicos agudos distintos. Um deles é oxidação de substratos energéticos para manutenção do exercício. Objetivo: O objetivo do estudo foi mensurar e comparar a oxidação de carboidratos e lipídeos de protocolos de TCIM e TIAI em indivíduos obesos. Materiais e Métodos: Conduziu-se estudo experimental, de medidas repetidas e contrabalanceado. Participaram 22 sujeitos obesos do sexo masculino (179±7 cm, 103,15±10,2 kg, 32,3±1,9 kg/m²), os quais realizaram 3 visitas ao laboratório para coleta de dados, com 48-72h de intervalo entre elas. Na primeira visita, após assinar o TCLE, ocorreu avaliação antropométrica e teste incremental progressivo em cicloergômetro (ERGOFITTM, Alemanha) para mensuração da Potência Aeróbia Máxima. Para o teste incremental os indivíduos executaram aquecimento de 5 minutos a 50W com cadência de 50rpm e em seguida começaram o teste com carga inicial de 100W e incrementos de 25W a cada 2 minutos, até chegarem à exaustão. Nas visitas 2 e 3 foram realizados, de forma randomicamente selecionada, os protocolos de TCIM e TIAI, ambos no mesmo cicloergômetro. O protocolo de TCIM envolveu esforço de 20 minutos a 60% da Potência Aeróbia Máxima, com cadência entre 60 e 80 rpm. O protocolo de TIAI envolveu 10 estímulos de 30 segundos a 120% da Potência Aeróbia Máxima intercalados por 30 segundos de recuperação passiva.A oxidação dos substratos energéticos (carboidratos e lipídeos) foi calculada através das equações de Frayn, desprezando-se a oxidação proteica. Para tal, os dados de consumo de oxigênio foram coletados durante os protocolos de treinamento através de espirômetro (VO2000TM, MedGraphicsTM).Para a análise estatística, a normalidade dos dados foi testada através do teste de esfericidade de Mauchly. Após, foi realizada análise de variância (ANOVA) com medidas repetidas e post-hoc de Bonferroni entre substratos e protocolos de treinamento. As análises foram rodadas no pacote estatístico SPSS 20.0. Resultados: Os valores de oxidação de substratos nos protocolos TCIM e TIAI estão dispostos na Figura 1. No protocolo de TCIM, os sujeitos oxidaram 1913,1±436,61 mg/min de carboidratos e 355,0±171,64 mg/min de lipídeos. Já no protocolo de TIAI, os sujeitos oxidaram 2125,4±463,21 mg/min de carboidratos e 147,4±166,52 mg/min de lipídeos. O teste de variância indicou diferenças na oxidação de substratos energéticos entre os dois protocolos (F(1;21)=1332,31; p<0,001; η2p=0,984), e o post-hoc de Bonferroni apontou diferenças para oxidação de lipídeos entre TCIM e TIAI (p<0,001). Não foi observada diferença significativa para oxidação de carboidratos entre TCIM e TIAI (p=0,299).
FIGURA 1 – Oxidação de glicose e lipídeos em protocolos de treinamento contínuo de intensidade moderada e intervalado de alta intensidade em sujeitos obesos (N=22). Conclusões: Conclui-se que indivíduos obesos oxidam maior quantidade de lipídeos em protocolo de TCIM do que em protocolo TIAI. Não há diferenças na oxidação de carboidratos entre os protocolos

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