Pacificação das favelas cariocas no contexto dos megaeventos: para além de uma política pública
Por César Teixeira Castilho (Autor), Pedro Teixeira Castilho (Autor).
Parte de Lazer e territorialidades: tessituras sociais, culturais e políticas . páginas 43 - 60
Resumo
A partir de 2007, o poder público da cidade do Rio de Janeiro iniciou uma ação coordenada entre os setores da polícia local – militar e civil – com o intuito de combater o tráfico de drogas e de armas nas favelas da zona Sul da cidade. Esta política pública, intitulada Unidade de Polícia Pacificadora (UPPs), foi instaurada pela primeira vez na favela Morro Dona Marta, no ano de 2008. O programa consistia em ocupar estas comunidades e controlar o tráfico através do encarceramento de traficantes e outros indivíduos implicados. Deve-se destacar que o Brasil figura entre os países com maior número de homicídio por habitante (25,2 homicídios por 100.000 habitantes em 2008), e que o Rio de Janeiro é uma das cidades mais violentas do País (IBGE, 2014; OBSERVATÓRIO DA CIDADANIA, 2009). Após esta primeira operação, uma Unidade, ou seja, um prédio da polícia era construído, permitindo que houvesse, doravante, uma intervenção policial permanente. Os policiais permaneciam no mesmo território, ganhavam a confiança da população local, sendo chamados pelo nome e, ademais, participavam de reuniões regulares com o objetivo de averiguar as ações, a eficácia dos projetos desenvolvidos e, concomitantemente, escutar as reivindicações. Eram policiais formados pelos princípios da polícia comunitária e recebiam salário mais elevado em termos médios. Todos eram recrutados ainda jovens, recém-formados, para que se evitasse a entrada de policiais veteranos já envolvidos com a milícia ou outros esquemas de corrupção (UNIDADE DE POLÍCIA PACIFICADORA, 2015).