Resumo

O futebol é um esporte coletivo de envolvimento complexo, sendo que para a compreensão contextualizada e global do jogo, é necessário conhecer as variáveis que induzem complexidade e as propriedades da dinâmica tática de interação entre os jogadores e as equipes, considerando ordem e tempo das ações. O presente estudo objetivou caracterizar e comparar padrões comportamentais ofensivos e caracterizar e comparar a influência das variáveis contextuais resultado momentâneo do jogo e qualidade do adversário na dinâmica ofensiva de uma equipe juvenil de futebol. Para cumprir com estes objetivos, 17 jogos de uma equipe brasileira juvenil no campeonato estadual foram gravados e analisados por meio do instrumento de observação e software SoccerEye. O protocolo, utilizado para a extração e registro dos eventos, é constituído por sete critérios: 1) início da fase ofensiva; 2) desenvolvimento da transição-estado defesa/ataque; 3) desenvolvimento da posse de bola; 4) final da fase ofensiva; 5) espacialização do terreno de jogo; 6) centro de jogo; e 7) configuração espacial de interação. O software SDIS-GSEQ (v5.0.77) foi utilizado para a Análise Sequencial de Retardos das sequências ofensivas extraídas. A amostra compreendeu 29,228 eventos totais, extraídos de 1,304 sequências ofensivas, com desfechos eficazes e não eficazes. As sequências ofensivas foram divididas de acordo com as variáveis contextuais qualidade do adversário (contra equipes de nível “elevado”, “intermediário” e inferior) e resultado momentâneo do jogo (estar ganhando, empatando ou perdendo. O nível de significância adotado foi de 5% (z=≥1,96). Identificou-se que: a zona de recuperação e de manutenção da posse de bola influenciam diretamente no desfecho; conduções de bola e dribles são padrões utilizados para avançar e desequilibrar o adversário no terreno de jogo; comportamentos coletivos foram mais identificados como padrões contra equipes de nível elevado e condutas individuais foram padrões mais observados contra as demais equipes; em situações de derrota, padrões de cruzamento para a área se tornam mais frequentes, apesar de normalmente terminarem em finalização não enquadrada com o gol adversário; configurações espaciais e numéricas no momento da finalização aumentam as probabilidades de eficácia ofensiva. Portanto, houve diferenças entre padrões de comportamentos eficazes e não eficazes; a qualidade do adversário diferenciou os padrões de comportamento; comportamentos individuais e de recuperação/progressão da bola no campo ofensivo, com configuração espacial favorável, se associaram a desfechos eficazes; o resultado momentâneo do jogo diferenciou levemente os desfechos ao apontar mais eventos padrões de cruzamento para a área em situação de derrota.

O trabalho não possui divulgação autorizada

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