Resumo

O objetivo deste trabalho foi verificar como a análise da coordenação interpessoal no futebol pode contribuir para a identificação de padrões de jogo emergentes a partir de sequências ofensivas finalizadas em gol. O documento está estruturado em três artigos científicos. O primeiro artigo destaca que o estudo da coordenação interpessoal no futebol vem se tornando um tópico de pesquisa emergente. Com o propósito de compreender como surge a coordenação entre jogadores e equipes, bem como identificar os padrões emergentes destas interações, diversos estudos têm investigado os diferentes níveis de interação (díades, subgrupos e equipes) que descrevem o jogo de futebol. Desta forma, os objetivos deste artigo foram: (i) fornecer uma breve descrição do background relativo aos conceitos que envolvem o tópico de coordenação; (ii) destacar os estudos e achados mais relevantes relativamente à investigação da coordenação interpessoal no futebol e (iii) discutir as implicações destes estudos e resultados o desenvolvimento de tarefas representativas em treino e pesquisa. Parece razoável sugerir que o desenvolvimento de tarefas representativas deve basear-se nos comportamentos e desempenhos observados em contextos reais de jogo. O segundo artigo objetivou a apresentação de uma nova ferramenta informática para análise de padrões de coordenação entre equipes de futebol a partir de imagens de vídeo. O instrumento inclui procedimentos objetivos e de baixo custo, em comparação aos caros e complexos sistemas de rastreamento automático disponíveis atualmente. Altos valores de fiabilidade indicam que esta ferramenta pode ser empregada em uma grande variedade de contextos no futebol e também em outros esportes coletivos. O terceiro artigo teve por objetivo identificar tendências de coordenação entre equipes a partir das sequências ofensivas finalizadas em gol da equipe campeã da Copa do Mundo FIFA ® 2014. Foram analisados 6457 quadros de vídeo (unidade de análise) de 11 cenas de vídeo de sequências ofensivas finalizadas em gol. A incerteza das relações numéricas das equipes dentro das subáreas de jogo foi analisada em cada sequência ofensiva através da entropia de Shannon. Os valores de entropia indicaram que a incerteza das relações numéricas das equipes foi maior na subárea Ofensiva Central da seleção alemã (subárea Defensiva Central adversária; 1,86 bits) em comparação ao restante das subáreas de jogo. Estes resultados sugerem que em sequências ofensivas finalizadas em gol, as relações numéricas relativas foram mais imprevisíveis na subárea do Espaço de Jogo Efetivo (EJE) mais próxima à baliza adversária. Futuros estudos devem verificar se este padrão é uma característica predominante em equipes bem sucedidas.

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