Resumo
O objetivo desta tese foi analisar o impacto do crescimento físico e da maturação biológica sobre as medidas de centralidade baseadas nas interações desempenhadas por jovens futebolistas em jogos reduzidos. Participaram do estudo 81 futebolistas (14,4±1,1 anos) pertencentes a clubes de futebol de Londrina-PR. Foram coletadas as seguintes medidas: a) antropometria: massa corporal, estatura e altura tronco-cefálica; b) idade óssea: a partir de radiografias de mão e punho (método Tanner-Whitehouse 3); c) habilidades específicas: passe, chute e condução de bola; d) desempenho físico: Yo-Yo Intermittent Recovery Test, Repeated Sprints Ability (RSA) e Counter Movement Jump (CMJ). Procedeu-se a filmagem de jogos em espaço reduzido (36 vs. 27 m) no formato GR3-3GR, durante 2 períodos de 4 minutos cada, com intervalo de 1 minuto. A partir das referidas filmagens, foram realizadas as análises de redes sociais, visando à obtenção das medidas de centralidade baseadas nas interações entre os jogadores, bem como as análises notacionais da eficiência técnica de cada futebolista. Utilizou-se a estatística descritiva para caracterização da amostra, seguido da análise dos componentes principais, análise de cluster k-médias, correlação canônica, ANOVA (one way e two-way), teste t para amostras independentes, MANOVA e MANCOVA (idade cronológica como covariável) e análise correlacional de redes (P<0,05). Observou-se correlação canônica significativa entre as medidas de centralidade e os indicadores de crescimento corporal apenas na categoria sub-13 (r=0,71; R2=0,21; ʌ=0,28; P=0,03). A ANOVA two-way revelou efeito do tamanho corporal sobre a quantidade de gols marcados pelos jovens futebolistas (F=4,27; P=0,04), enquanto a posição de jogo apresentou efeito sobre o grau de centralidade (F=7,22; P=0,01), centralidade de proximidade (F=4,53; P=0,01) e intensidade da rede (F=3,80; P=0,02), sendo os meio-campistas os jogadores com maior proeminência em jogo. Finalmente, o estado de maturidade explicou uma parcela substancial da variância da massa corporal (F=19,26; P=0,01; Ƞ2=0,33), da estatura (F=15,31; P=0,01; Ƞ2=0,28), da altura tronco-cefálica (F=14,50; P=0,01; Ƞ2=0,27) e do desempenho no CMJ (F=8,45; P=0,01; Ƞ2=0,18) e no RSA (F=9,89; P=0,01; Ƞ2=0,20), mas não apresentou efeito sobre as medidas de centralidade dos jovens futebolistas (P>0,05). Houve correlação entre a centralidade de proximidade e o grau de centralidade em todos os grupos maturacionais (rmédio=0,62). Conclui-se que os jogadores da categoria sub-13 maiores e que amadureceram precocemente centralizaram as principais ações tático-técnicas durante uma partida. Entretanto, os indicadores de crescimento físico foram importantes apenas para a marcação de gols nos jogos reduzidos. Os meio-campistas foram os futebolistas que mais centralizaram as jogadas ofensivas, independentemente do tamanho corporal. Finalmente, o estado de maturidade exerceu um baixo impacto sobre as medidas de centralidade no jogo. Sugere-se aos profissionais envolvidos com o treino de jovens a organização do processo de formação a longo prazo, compreendendo o papel momentâneo das modificações corporais durante a adolescência sobre a centralidade em ações ofensivas.