Resumo
O treinamento físico (TF) promove adaptações no sistema hematopoiético e o sítio NH2-terminal da enzima conversora de angiotensina I (ECA) hidrolisa um tetrapeptídeo hemorregulador negativo, o Acetil-Seril-Aspartil-Lisil-Prolina (Ac-SDKP). O objetivo do presente estudo foi investigar se o sítio NH2-terminal da ECA participaria nas adaptações hematopoiéticas induzidas pelo TF. Realizamos duas séries de experimentos. A primeira para determinarmos qual protocolo de TF seria o mais adequado para estudar as adaptações eritropoiéticas e a segunda para estudar o papel do sítio NH2-terminal da ECA nessas adaptações. Série de experimentos 1: ratas Wistar foram divididas em 3 grupos: controle (C), que realizaram TF (60 min/d, 5dias/sem) de 10 semanas uma vez ao dia (T1) e que realizaram o mesmo TF por 8 semanas, seguido de uma semana 2 vezes ao dia e uma semana 3 vezes ao dia (T2). Série de experimentos 2: ratas Wistar foram divididas em 4 grupos: controle (C), controle tratadas com captopril (10 mg.kg-1.dia-1) (C-Cap), treinadas sob o protocolo T2 (T2) e treinadas sob o protocolo T2 tratadas com captopril (T2-Cap). Foram medidos: 1) a pressão arterial (PA) e a freqüência cardíaca; 2) a hipertrofia cardíaca e atividade da citrato sintase; 3) o consumo máximo de oxigênio, o tempo de exercício e a distância percorrida em teste máximo; 4) a atividade catalítica dos terminais da ECA; 5) a concentração plasmática e na fração extracelular da medula óssea de Ac-SDKP; 6) o número e a proliferação de células tronco hematopoiéticas (CTH) no sangue e medula; 8) a reticulocitose e meia-vida das hemácias. As diferenças observadas apresentaram p<0,05. Série de experimentos 1: o protocolo T2 induziu maiores adaptações fisiológicas, morfológicas e funcionais em comparação ao T1. O protocolo T2 foi eficaz em promover adaptações no sistema eritropoiético como aumento no número e na capacidade proliferativa de CTH, no percentual de reticulócitos e redução na meia-vida das hemácias. O protocolo T2 aumentou a atividade catalítica do sítio NH2-terminal da ECA e reduziu a concentração plasmática e na fração extracelular da medula óssea de Ac-SDKP, o que não foi observado em T1. Série de experimentos 2: o grupo T2 apresentou aumento na atividade NH2-terminal da ECA, que foi inibido no grupo T2-Cap. A inibição do sítio NH2-terminal da ECA não influenciou a PA nem afetou as respostas ao treinamento. O grupo T2 apresentou redução na concentração plasmática e na fração extracelular da medula óssea de Ac-SDKP, enquanto no grupo T2-Cap não houve redução do Ac-SDKP no plasma e houve atenuação da redução na fração extracelular da medula óssea. Houve aumento no número e na proliferação de CTH na medula óssea e no sangue no grupo T2 e este aumento foi parcialmente inibido no grupo T2-Cap. Houve aumento na reticulocitose no grupo T2 e inibição parcial deste aumento no grupo T2-Cap. A meia-vida das hemácias foi reduzida em 50% no grupo T2, enquanto no grupo T2-Cap houve atenuação da redução. Concluímos que o protocolo de treino T2 estimula a hematopoiese pelo aumento na atividade do sítio NH2-terminal da ECA, aumento este que inativa o tetrapeptídeo Ac-SDKP.