Resumo

O presente estudo tem como objectivo compreender a influência da força (considerando as suas diversas componentes) no futebol. Sendo esta uma temática bastante lata, focamos a nossa análise em alguns factores e variáveis específicas de uma situação típica no futebol: o remate. Pretendemos analisar e compreender a situação em causa e a influência da força nesta, objectivando uma intervenção rentável no treino do remate no futebol. Para tal, e depois de uma revisão bibliográfica sobre a problemática em estudo, e situando-nos num quadro de referência dinâmico, elaborámos uma conjectura evidenciando a relação dialéctica entre um conjunto de variáveis inerentes à situação em causa, tendo como referencial um modelo dos desportos colectivos. Consideramos, de uma forma simplificada, na conjectura tanto variáveis inerentes ao movimento (por exemplo, percurso de aceleração, pé de apoio, relação centro de massa / base de apoio e ponto de contacto com a bola) como variáveis implícitas ao contexto (por exemplo, relação com adversários e colegas de equipa) realçando a sua influência nas saídas motoras necessárias à realização do remate no futebol. Para testar a conjectura (num quadro Popperiano), escolhemos uma amostra de 500 remates do Campeonato do Mundo de Futebol realizado em 2010 na África no Sul onde realizámos uma análise dos mesmos de acordo com a trajectória da bola considerando se a mesma foi alterada ou não depois de efectuado o remate. Classificámos também a partir do resultado dos mesmos verificando a sua eficácia. Analisámos ainda a relação do rematador com o guarda-redes. Os dados foram tratados com recurso a estatística descritiva (tabelas de frequências e tabelas de contingência) e inferencial (testes de qui-quadrado independência). A partir dos resultados obtidos verificámos uma eficácia de remates relativamente baixa (29%), sendo que 5% dos golos foram alcançados de uma forma fortuita (tendo a bola sido desviada depois de rematada), tendo em 14,4% remates o guarda-redes iniciado o seu deslocamento depois da bola ser rematada e em 9,6% antes do remate. Concluímos assim que existe uma relação dialéctica entre as variáveis, e mais do que simplesmente considerar uma ou algumas das componentes das forças, todas elas deverão ser tidas em conta nas suas interacções e implicações no futebol e em particular na situação de remate. Podemos também verificar a solidez da conjectura apresentada tendo permitido a mesma reforçar a necessidade de encontrar um equilíbrio na relação entre variáveis para que o objectivo do jogo de futebol seja atingido tendo vantagem a equipa / jogador que tenha um diferencial de tempos a seu favor. Contribuímos assim para a definição de pressupostos a ter em conta no treino de remates no futebol visando o aumento da eficácia das equipas.

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