Resumo

Proponho que a retórica multicultural, que hoje prolifera no campo pedagógico, pode ser tratada em termos da imagem que produz de nós mesmos ou, dito de outra maneira, na construção de nossa própria identidade. Tal retórica funciona também como um mecanismo para conjurar o que o outro, o estrangeiro, possa ter de inquietante para nós mesmos. Eu suspeito que palavras como convivência, diálogo ou pluralismo estejam sendo usadas de maneira tão acrítica quanto a antiga missão civilizadora, e estejam alimentando também nossa boa consciência e uma imagem confortável e satisfeita de nós próprios. Mas o outro estrangeiro não se deixa representar. Ele não permite que ninguém o represente e não quer representar ninguém nem coisa alguma. Quais são as implicações disso tudo para a Educação?