Resumo

O exercício físico é um importante desafio externo à homeostase do meio celular. Os parâmetros cardiopulmonares e metabólicos diferem em resposta ao esforço progressivo na resistência aeróbia e força muscular. Um fenômeno especialmente marcante na resposta metabólica ao exercício progressivo é a ocorrência de uma modificação da relação entre as taxas de incremento da produção de dióxido de carbono (VCO2) e do consumo de oxigênio (VO2). Essa quebra da linearidade, identificada como limiar anaeróbio ventilatório (LAV), corresponde à transição do metabolismo aeróbio para o anaeróbio e é também um índice que reflete satisfatoriamente a aptidão física. O momento entre o LAV e ponto de compensação respiratória (PCR), associado com uma estabilização da pressão expirada de dióxido de carbono (PetCO2) é denominado como fase II do teste cardiopulmonar de exercício (TCPE) e corresponde ao tamponamento isocápnico (TI). Considerando as diferentes adaptações cardiometabólicas decorrentes do treinamento de resistência aeróbia e de força muscular, este trabalho teve como objetivo principal estudar as respostas cardiovasculares e ventilatórias durante a fase II do TCPE, em indivíduos treinados na resistência aeróbia e força muscular. Foram eleitos 91 homens saudáveis distribuídos intencionalmente em três grupos: controle (CON n= 38), exercício resistido intenso (ERI n= 23) e corredores de endurance (CE n= 30). Os três grupos realizaram TCPE. A idade dos sujeitos variou de 21 a 55 anos. O CE apresentou maior VO2LAV; VO2PCR e VO2máx.(36±8 ml.kg-1.min-1; 46±8 ml.kg-1.min-1; 51±8 ml.kg-1.min-1 vs 24±6 ml.kg-1.min-1; 35±5 ml.kg-1.min-1; 40±6 ml.kg-1.min-1 e 26±6 ml.kg-1.min-1; 35±6 ml.kg-1.min-1; 40±7 ml.kg-1.min-1.P<0,05), comparado ao CON e ERI respectivamente, mesmo após a correção alométrica. A FCREP foi significativamente menor entre o CE vs CON (CE= 52±6 bpm; CON= 60±8 bpm; P<0,05). Os treinados diferiram em relação ao controle para a FCPCR e FCPICO (CE= 165±14 bpm; 179±11 bpm; ERI= 163±18 bpm; 181±8 bpm vs CON= 174±14 bpm; 190±10 bpm. P<0,05). A VELAV e VEPCR foi maior no CE (62±14; 93±17) vs CON (45±14; 74±18), sem diferenças para ERI (54±12; 82±15) P<0,05. Os CE e ERI apresentaram maior VCO2LAV (2,39±0,56 e 2,09±0,49) respectivamente, em relação ao CON (1,64±0,51) P<0,05. No PCR a VCO2 apontou diferenças apenas para o CE vs o CON (3,45±0,54 vs 2,82±0,64) respectivamente, P<0,05. A RTRPCR foi menor no ERI (1,03±0,05) vs CE (1,12±0,20) e CON (1,09±0,08) P<0,05. Na fase de transição metabólica, diferença significativa entre o CE em relação ao CON e ERI, para a carga (km/h): 4,2±1,6 vs 2,7±1,6 e 2,8±1,0, respectivamente P<0,05. O pulso de oxigênio também foi menor nos corredores (CE= -0,0474; CON= 0,0222 e ERI= 0,0275. P<0,05). O ECINCLINA foi inferior para o CE a 80 e 90% do TCPE comparado ao CON e a 100% do TCPE comparado ao ERI. Concluiu-se que o CE apresenta maior magnitude de diferença na carga de transição em relação ao CON e ERI com um custo de oxigênio similar entre os grupos; Entre o ERI e CON não há diferença dos parâmetros cardiopulmonares avaliados na presente investigação, exceto para FCPCR e RTRPCR; Há evidência de uma maior eficiência metabólica no CE e, como consequência, menor fadiga muscular em relação ao CON e ERI.

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