Resumo

Introdução: A infecção pelo vírus HIV, associada ao uso prolongado de medicamentos antirretrovirais (HAART – Highly Active Antiretroviral Therapy), promove alterações negativas e deletérias ao organismo de pessoas vivendo com HIV/AIDS. Neste sentido  o treinamento físico combinado tem sido recomendado na prevenção e/ou melhora nas alterações negativas. Objetivo: Verificar a cinética de lactato sanguíneo e sua resposta ao treinamento físico combinado (TFC), assim como avaliar os efeitos sobre os parâmetros bioquímicos, imunológicos, cardiorrespiratório e composição corporal de pessoas vivendo com HIV/AIDS. Metodologia: Participaram do estudo 12 voluntários vivendo com HIV/AIDS, de ambos os sexos (Idade: 39,75±10,67 anos; Peso: 70±20,61 Kg, Tempo de Portador: 7,75±7,88 anos; Tempo de HAART: 6,41±5,93 anos) advindos do Serviço de Atendimento Especializado e Centro Estadual de Referencia de Alta e  Média Complexidade, localizados no município de Cuiabá. Os participantes realizaram treinamento físico combinado (força+aeróbio), por um período de 16 semanas e foram submetidos a avaliação dos parâmetros relacionados à perfil imunológico, ao perfil bioquímico geral, à aptidão cardiorrespiratória, força muscular, à composição corporal e análise da cinética de lactato em uma sessão simulada de treinamento de força e durante o teste de 2400m de Cooper, nos momentos pré (P), 8 (M) e 16 (Po) semanas de treinamento. Resultados: Ao final das 16 semanas de treinamento, pode- se observar um aumento na contagem de células TCD4+ (P:519±173;Po: 633±222;p=0,03) e uma diminuição no número de basófilos (P: 0,05±0,03; Po: 0,03±0,02;p=0,02). No perfil bioquímico geral, ocorreu melhora no perfil glicêmico (P: 93±9,88; Po: 86±6,52; p=0,007), aumento nos níveis de HDL-c (p: 44±9,50; Po: 49±9,43; p=0,05) e diminuição nos níveis de triglicerídeos (P: 135±67,61; Po: 101±39,36; p=0,04). Foi observado melhora na aptidão cardiorrespiratória (VO2máx) (P:22,68±3,32; M: 28,09±4,73; Po: 28,07±5,20; p<0,001) e, ainda, melhor desempenho nos testes de 10 RM em todos equipamentos avaliados (p<0,001). Em relação à cinética de lactato sanguíneo realizadas após uma sessão simulada de treinamento resistido e, também após o teste Cooper de 2400m, notamos aumento progressivo desse substrato nos momentos 8 e 16 semanas, em ambas as cinéticas, após o treinamento físico combinado. Conclusão: Pode-se concluir que o programa de exercícios físico aplicado não prejudicou o sistema imunológico, pois não alterou a carga viral dos participantes e, ainda, foi capaz de aumentar a contagem de células TCD4+. Em relação aos parâmetros do perfil bioquímico geral, aptidão cardiorrespiratória e força muscular notou-se melhora em variáveis importantes como: aumento nos níveis de HDL-c, consumo de oxigênio, força muscular, assim como uma diminuição nos níveis de glicose e triglicerídeos. Garantindo, assim, maior independência bem como melhora da saúde e, consequentemente, da qualidade de vida dos participantes. Em relação à cinética de lactato, concluímos que o aumento progressivo desse substrato parece não ter sido negativo, pois, hipoteticamente, possibilitou melhor desempenho no teste indireto de VO2máx e no aumento da força.
 

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