Resumo

Introdução: No parkour, assim como outras em atividades de aventura, a participação da mulher apresenta-se quantitativamente inferior à presença masculina. Schwartz et al. (2013) evidenciam o preconceito como principal limitação para a vivência feminina nessas atividades. Ademais, pesquisas sobre a masculinidade no parkour (Kidder, 2013; Stapleton; Terrio, 2012) promovem discursos que desqualificam a participação das poucas mulheres presentes na prática, considerando-as incapazes de efetivar uma movimentação eficiente e arriscada como é apresentada pelos homens. Objetivo: Esse estudo investiga as percepções de praticantes de parkour acerca da participação das mulheres nessa modalidade. Metodologia: Trata-se de uma pesquisa exploratória realizada com 215 praticantes de Parkour, residentes em 18 estados brasileiros, sendo 183 (85%) do sexo masculino e 32 (15%) do sexo feminino. O instrumento para a coleta de dados consistiu em um questionário do tipo survey construído pelo Grupo de Estudos do Lazer/UEM para descrever atividades de aventura. Os itens desse questionário considerados nesse estudo referem-se ao perfil dos praticantes, a percepção sobre a capacidade das mulheres no parkour e ao preconceito associado à modalidade. Esses dados foram analisados no programa SPSS por meio da estatística descritiva. Resultados: Em relação às características dos praticantes, a maioria das mulheres (44%) possuem de 21-30 anos de idade, enquanto que 55% dos homens estão na faixa etária de até 20 anos. Na categoria, 48% constituem o nível amador/recreativo. A categoria profissional foi apontada por 5% dos homens e não foi declarada pelas mulheres. No tocante à percepção da “capacidade”, a maioria dos praticantes (94%) discordam que as mulheres sejam menos capazes no parkour em discrepância com os estudos mencionados. Diante das poucas mulheres na modalidade, seria possível que elas apontassem a vivência do preconceito em maior número que os homens, entretanto os dados não denotam diferenças significativas, pois 84% dos homens e 87% das mulheres concordam que já sofreram preconceito por praticarem parkour. Considerações Finais: Constatou-se que os participantes do estudo não consideram as mulheres como inferiores que os homens no parkour e ambos percebem o preconceito de forma semelhante. Esses resultados tornam possível conceber a existência de uma relação de equidade entre os praticantes.