Resumo

As doenças crônicas não transmissíveis estão entre as principais causas de mortalidade prematura em adultos no mundo, configurando-se em um grave problema de saúde pública na atualidade. Pesquisas têm identificado que fatores de risco individuais estão diretamente ligados a esses eventos de morbidade e mortalidade. OBJETIVO: Verificar a relação entre a participação em esportes (PE) na infância e adolescência e fatores de risco à saúde na idade adulta. MÉTODOS: Participaram do estudo 123 adultos jovens (61 homens) com idades entre 18 e 25 anos. Medidas antropométricas de massa corporal (kg), estatura (m) e circunferência de cintura (CC; cm) foram coletadas, e posteriormente, calculado o índice de massa corporal (IMC; kg/m2 ). A adiposidade corporal foi avaliada pela técnica de absortometria radiológica de dupla energia, com estimativa do percentual de gordura corporal (%GC) determinada por exame de corpo inteiro. Como indicador da aptidão cardiorrespiratória, os adultos realizaram o teste de corrida vai-e-vem de 20 metros, e para a estimativa do consumo de oxigênio de pico (VO2; ml/kg/min), foi utilizada a equação proposta por Léger et al. (1989). A pressão arterial sistólica (PAS) e diastólica (PAD), em repouso, foi aferida utilizandose aparelho digital da marca OMRON modelo HEM-742. Foram considerados como fatores de risco à saúde: IMC; CC; VO2; PAS e PAD. As informações referentes ao indicador de PE no período da infância e adolescência foram obtidas por um instrumento retrospectivo (FERNANDES; ZANESCO, 2010). RESULTADOS: As comparações entre as características descritivas e variáveis de fatores de risco à saúde, de acordo com a PE na juventude demonstraram que, considerando a PE na infância, aqueles que relataram PE têm menor idade (anos) (22,26 ± 1,65 vs. 23,10 ± 1,40; P=0,010), menor %GC (27,37 ± 9,96 vs. 34,34 ± 8,81; P=0,001) e maior valor no indicador de aptidão cardiorrespiratória - VO2 (ml/kg/min) (40,94 ± 7,14 vs. 35,21 ± 6,41; P<0,001). Em adição, ao analisar a PE na adolescência, a única diferença estatisticamente significante identificada foi para o VO2, com maior valor novamente verificado para o grupo que relatou praticar esportes nessa fase da vida (40,83 ± 7,31 vs. 35,46 ± 5,82; P<0,001). CONCLUSÃO: Adultos de ambos os sexos que relataram PE na juventude, apresentaram melhores indicadores de adiposidade corporal e VO2, o que pode levar a redução dos fatores de risco para doenças crônicas não transmissíveis.