Resumo

Objetivo: Investigar a relação entre número de passos diários, obesidade visceral, espessamento da carótida, qualidade de vida e autoeficácia em trabalhadores. Métodos: Participaram deste estudo 128 trabalhadores (35 ♂ e 93 ♀) com idade entre 18 e 70 anos (média idade 43.9±10.9). Cada colaborador realizou avaliação antropométrica (massa corporal, estatura, circunferência abdominal e cintura, pressão arterial, dobras cutâneas); questionários (qualidade de vida e autoeficácia no trabalho); exames sanguíneos (glicemia, insulina, triglicerídeos, proteína C-reativa, colesterol total e frações de LDL, HDL); ultrassonografia para avaliação da gordura visceral e espessura média intimal carótida (EMI); mensuração do número de passos diários por meio do uso de pedômetros durante 7 dias ininterruptos. Os trabalhadores foram divididos em quatro grupos de acordo com o número médio de passos/dia: grupo 1 (< 4.999 passos/dia), grupo 2 (5.000 a 7.499 passos/dia), grupo 3 (7.500 a 9.999 passos/dia) e grupo 4 (>10.000 passos/dia). A análise estatística envolveu teste de normalidade Kolmogorov-Smirnov, análise de variância (ANOVA) one way, seguido por teste de comparação de médias Bonferroni. Também foi realizado teste t não pareado, comparando diferenças entre indivíduos que realizam < 7.499 e > 7.500 passos/dia. Posteriormente, foram realizadas correlação de pearson e correlações parciais controladas por sexo e idade. Em seguida, utilizou-se regressão linear multivariada para testar os melhores modelos preditivos para EMI, adiposidade visceral, qualidade de vida (QV) e autoeficácia. Todas as análises consideraram p<0.05 como significativo. Resultados: Os indicadores antropométricos e sanguíneos se apresentaram mais adequados à saúde conforme a maior a quantidade de passos por dia. Os trabalhadores com escores > 7.500 passos/dia obtiveram concentrações mais baixas de glicose, insulina, LDL, triglicerídeos, PCR e maior nível de HDL, p<0.05. Passos ≥ 7.500 e ≥ 10.000 passos foram responsáveis por menores (cm) de gordura visceral (p<0.05). A EMI da carótida se mostrou mais elevada nos grupos 1 e 2 quando comparadas ao grupo 3, p<0.05. Na QV apenas domínio ambiente ocupacional apresentou diferenças positivas quanto a maiores escores de passos/dia, p<0.05. A autoeficácia no trabalho não apresentou diferença significativa entre os 4 grupos de atividade física (AF). No modelo de regressão foram fatores determinantes na variação de EMI somente a idade, pressão arterial sistólica (PAS) e insulina. Já os fatores AF, índice de massa corporal (IMC), sexo, idade e ∑ dobras cutâneas formaram o conjunto que melhor explicou a variação da adiposidade visceral. Tanto a QV quanto a autoeficácia não foram significativamente relacionadas aos fatores de risco cardiovasculares. Conclusão: Este estudo constatou relação inversa entre número de passos/dia e fatores de risco cardiovasculares, dentre eles adiposidade visceral (diretamente) e EMI (indiretamente), tendo 7.500 passos/dia como linha de corte. Houve, no entanto, evidências limitadas quanto à relação entre a AF e a QV, e nenhuma evidência sobre AF e autoeficácia no trabalho. 

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