Pedagogia do Esporte

Por Maria Dinold (Autor), Michael Kolb (Autor),

Parte de Diretório Internacional de Ciências do Esporte . páginas 261 - 281

Resumo

1. Informação Geral

O capítulo sobre Pedagogia do Esporte na primeira edição do Guia de Ciência do Esporte (Vade Mecum, 1998) foi preparado por Roland Naul (Alemanha), Ken Hardman (Inglaterra) e Risto Telama (Finlândia). A segunda edição (Vade Mecum, 2000) foi revisada por Ronald Feingold (EUA) e Bart Crum (Países Baixos) e a terceira foi preparada por Ronald Feingold (EUA), Bart Crum (Países Baixos), Mary O’ Sullivan (EUA) e Roland Naul (Alemanha). Nas revisões, os autores atualizaram a informação da edição precedente e expandiram a perspectiva da Pedagogia do Esporte utilizando-se de especialistas na área, de outros países. Além dos autores, contribuições valiosas foram feitas por Doune Macdonald (Austrália), Wolf Brettschneider (Alemanha), Jean-Francis Gréhaigne (França) e Francisco Carreiro da Costa (Portugal). Esta edição foi revisada por Maria Dinold e Michael Kolb (Áustria) simplesmente para atualizar algumas informações.

1.1. Desenvolvimento Histórico

A Pedagogia do Esporte tem suas origens no século XIX quando debates significativos sobre o ensino e a prática dentro da educação física enquanto ginástica, exercício e reabilitação, jogos e esportes teve lugar. Nesta época, vários países europeus como Dinamarca, Suécia, Alemanha e Grã-Bretanha estabeleceram, cada um, suas próprias práticas dentro da escola de educação física (cf. Naul, 1994; Renson, 1999). A difusão destes sistemas viajou a todas as partes do mundo e ficou estabelecida na última metade daquele século. (cf. Van Dalen e Bennett, 1971). O termo “pedagogia do esporte”, não prontamente usado no século XIX, apareceu primeiramente no famoso livro de Pierre de Coubertin, Pédagogie Sportive, em 1925. Realmente, os primeiros pioneiros do Movimento Olímpico (de Coubertin, Gebhardt, Guth e Kemeny) já destacavam a educação física como “construção do caráter” através dos Princípios Olímpicos frequentemente traduzidos como “educação esportiva”. Contudo o termo pédagogie sportive não foi prontamente assimilado na França pelos educadores físicos, uma vez que estes preferiam o método Lingian da ginástica e se opuseram aos esportes ou se tornaram apoiadores de seus próprios sistemas la methode française.

Na tradução alemã do livro de Coubertin (1928), o termo Sportpädagogik foi introduzido. Contudo, foi somente até o final dos anos 1960 que o termo Sportpädagogik se tornou comum nos discursos alemães. Isto foi devido à paradigmática mudança do “ensino de educação física” para “instrução esportiva”, parcialmente lançada pelas políticas da guerra fria do esporte competitivo (Hardman e Naul, 2002). Nesta época, o nome da matéria nas escolas da Alemanha mudou de “Educação Física” para “Esporte” e o dos fundamentos científicos ou teoria da educação física para “pedagogia do esporte” (Grupe, 1984).

Dentro do contexto sócio-histórico mencionado, sentiu-se necessária a implementação do termo “pedagogia esportiva”; na Alemanha foi sentido como necessário para delinear um campo acadêmico, que se concentrava não só na escola de educação física, mas também sobre todas as intervenções educacionais em diferentes cenários e para grupos-alvo específicos no domínio do movimento humano e do esporte. Durante a década passada, o foco da pedagogia do esporte se expandiu de só crianças para todas as idades e capacidades (da pré-escola aos idosos, dos deficientes físicos aos atletas de elite), e do ambiente escolar a outras instituições na comunidade e nos locais de trabalho.

Em outras regiões, como no resto da Europa e na América do Norte, o termo não foi prontamente reconhecido nos anos 1970. Ele só se tornou mais amplamente conhecido e usado nos últimos vinte anos na Europa e ainda não está amplamente reconhecido na América do Norte e em alguns países asiáticos.

Contudo, hoje é mais comumente sugerido o uso do rótulo “pedagogia do esporte” a um corpo complexo de conhecimento, não só restrito às questões esportivas, nem só ligado à educação física escolar.

(Revisão: João Batista Freire)

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