Resumo
A crise de hegemonia do regime militar pós-64 iniciou na década de 70. No período de 1974 a 1985, o país viveu a fase de transição democrática. Nessa época, desenvolveram-se na area educacional, críticas ao modelo de educação implementado pela ditadura- o tecnicismo- que pretendeu raciocinar o trabalho pedagógico, atribuindo-lhe as mesmas características do trabalho nas fábricas: eficiência, produtividade e neutralidade cientifica. Nesse processo de crítica, foi importante a contribuição da teoria critico-reprodutivista, amplamente divulgada a acolhida por parcela dos educadores brasileiros. Contudo, a partir dessa teoria, não se conseguiu elaborar nenhuma proposta alternativa à pedagogia oficial do governo militar. Frente à necessidade de superar a fase da crítica sem proposições, os esforços começaram a ser canalisados no sentido de elaborar uma nova forma de intervenção pedagógica. Este foi o marco da construção da pedagógica histórico-crítica. Em 1992, surge, na educação física, um projeto pedagógico preocupado em apresentar uma alternativa de metodologia do ensino para esta disciplina que superasse a perspectiva tradicional, representada pelo modelo da aptidão física. Esta proposta vem sendo identificada como a pedagogia histórico-crítica da Educação Física brasileira. Esta pesquisa busca compreender como e por que surge o projeto histórico-crítico na Educação Física brasileira. Para tanto, historicizamos alguns aspectos na tentativa de compreender como e por que surge, no Brasil, a tendência pedagogica histórico-crítica. Partimos do pressuposto que uma teoria pedagogica nasce como resposta a um contexto de crise social. Nesse sentido, buscamos compreender o que significou o regime militar pós-64 e especificamente, o momento de transição para um regime civil a Nova Republica. A promessa de democratização e as mobilizações sociais fizeram com que a Educação Física iniciasse um processo de debate, tentando reconquistar a reflexão filosófica e polítia através da contribuição de varias áreas do conhecimento, dentre elas a pedagogia. Nesse anseio, ocorreu a primeira aproximação da Educação Física com os pressupostos da pedagogia histórico-crítica. Esta fase se caracterizou pela tentativa de elaborar uma proposta identificada com esta concepção pedagogica. Em 1992, inaugura-se uma nova fase na qual essa pretensão de identificação mecânica é substituída por um diálogo mais complexo que envolve recriações e reinterpretações. A proposta de uma Educação Física crítico-superadora pode ser entendida como resultado dessa nova relação estabelecida. Isso contribui não só para o avanço da disciplina pedagógica em particular, mas também da teoria pedagógica no seu âmbito geral.