Resumo
Este trabalho problematiza compreensões de pedagogias críticas e pós-críticas no contexto contemporâneo, considerando o contexto da Educação e da Educação Física. Toma como principal referência de problematização Silva (1999), um dos principais autores responsáveis por consolidar no Brasil a distinção entre pedagogias críticas e pedagogias pós-críticas. A obra Documentos de Identidade, da Educação, apresenta forte influência naqueles que, na Educação Física, trabalham com o debate pós-crítico, como Marcos Garcia Neira e colaboradores. A compreensão do que são as pedagogias críticas para Silva (1999) e, consequentemente, para Neira e colaboradores desconsidera representações, renovações e (re)organizações político-epistemológicas das pedagogias críticas. Com o objetivo de problematizar esse diagnóstico, dialogamos com referenciais da Educação e da Educação Física que apresentam (auto)críticas e atualizações das pedagogias críticas principalmente a partir dos anos de 1990. Esses referenciais consideram a aproximação das pedagogias críticas de tendências e tradições analíticas além daquelas macroeconômicas; e de conceitos além daqueles ligados a classe social, ideologia, relações sociais de produção e capitalismo. Demonstra, por meio de interlocuções, como as pedagogias críticas vêm sendo subjugadas em sua apresentação via pedagogias pós-críticas. Frente à falta de clareza entre as supostas fronteiras que distinguem as pedagogias críticas das pedagogias pós-críticas, conclui-se pela necessidade de que os autores do campo repensem o uso dessas classificações, tendo como opção organizarem-se a partir de um único teto amplo, o Big tent, intensificando a luta contra as mais variadas formas de injustiças sociais.