Resumo

Introdução: A demanda anaeróbia tende a representar ~170%, ~140% e ~109% da taxa oxidativa máxima (V̇O2max), respectivamente, em distâncias curtas (50m e 100m) e média-curta (200m), quando analisada pelo método do déficit de oxigênio acumulado (AOD). Estudos que aplicaram esse método para o diagnóstico da contribuição anaeróbia durante esses eventos de curta duração e elevada intensidade de nado, evidenciaram um AOD equivalente a ~2,3, ~2,8 e ~3,2 LO2, mas não relatam se essa contribuição tende a ser diferentes entre nadadores homens e mulheres. Dessa forma, não há relatos sobre a mensuração do AOD na natação comparando a participação anaeróbia entre nadadores homens e mulheres. Objetivo: Determinar o perfil metabólico anaeróbio em eventos de 50, 100 e 200 metros, entre nadadores de ambos os sexos e compará - los. Métodos: Foram avaliados sete homens, com 16,8  2,3 anos, 179,5  7,6 cm e 74,4 kg (10,2); e sete mulheres com 15,5  3,3 anos, 160,9 5,1 cm e 52,0 4,6 kg. Todos realizaram o desempenho máximo para as distâncias de 50, 100 e 200 metros para a determinação do O2 acumulado. Após 24 horas, os nadadores desempenharam um teste incremental escalonado máximo e descontínuo (TIE: 6 x 250m e 1 x 200m, 50 à 100% da v200m) para a avaliação do V̇O2max e obtenção da relação V̇O2 vs. velocidade de nado em intensidades subáximas. A partir desta relação, projetou-se a demanda de O2 nas velocidades correspondentes ao 50, 100 e 200m foi estimada. Em seguida, a permuta gasosa pulmonar também foi analisada durante os desempenhos de 50, 100 e 200m para se obter a oferta de O2. Assim, a estimativa de AOD foi realizada pela comparação entre demanda e oferta de O2. Em todos os testes, o V̇O2 foi obtido respiração-a-respiração por uma unidade metabólica automatizada e portátil (CPET K4b2), que esteve acoplada a um snorkel específico e validado na natação (new-AquaTrainer®). O teste-t de Student (não-pareado) comparou as médias do perfil metabólico entre homens e mulheres para cada distância de desepenho (50, 100 e 200 metros). O nível de significância foi estabelecido em ρ ≤ 0,05. Resultados: Os valores de V̇O2max atingiram 4075,7 ± 347,3 ml×min-1 em homens e para as mulheres foi 3052,4 ± 374,0 ml×min-1. A contribuição anaeróbia pela mensuração do AOD foi 70 ± 20%, 50  10% e 26  5%, respectivamente, para 50, 100 e 200 metros entre homens; e 71 ± 7%, 49  14% e 26  10%, respectivamente , para 50, 100 e 200 metros entre mulheres. Ao comparar homens e mulheres, não se observou diferença entre o AOD em 50 (ρ ≤ 0,93), 100 (ρ ≤ 0,61) e 200 metros (ρ ≤ 0,90). Essa parcela de contribuição anaeróbia de ~70, ~50 e ~30% da energia total respectiva à cada distância está alinhada à demanda reportada para eventos com tempo de duração entre 30 segundos a 2 minutos na natação. Conclusão: Os resultados apresentados corroboram a informação disponível na literatura sobre o perfil metabólico para distâncias de 50, 100 e 200 metros, acresentando que não há diferenças entre os sexos, quanto ao perfil de contribuição relativa do metabolismo aneróbio. Isso sugere que o treinamento de alta intensidade não deve diferir entre os sexos, face às similaridades da exigência anaeróbia.

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