Percepção da Dimensão Corporal na Prática da Dança Contemporânea
Por E. F. Gama (Autor), A. Bizerra (Autor).
Resumo
Diversas possibilidades de expressão são utilizadas nas práticas corporais, sejam elas artísticas ou não. Um dos pré-requisitos para o movimento apurado é a percepção corporal adequada. A percepção corporal desenvolve-se por dois diferentes aspectos: 1) um caráter subjetivo e de juízo de valor acerca do próprio corpo e, 2) a percepção da dimensão corporal (PDC). A percepção dimensional acerca do próprio corpo é utilizada como um guia para o movimento. Diferentes práticas corporais podem contribuir para o conhecimento do próprio corpo, em particular a dança contemporânea é uma fonte para o conhecimento sobre si mesmo. Sendo assim, o praticante desta modalidade artística constrói uma percepção da dimensão corporal apurada? Este estudo teve como objetivo avaliar e comparar a PDC entre praticantes e não praticantes de dança contemporânea. Fizeram parte deste estudo 14 alunos do último ano do curso de formação em dança contemporânea (GD) e 14 participantes não praticantes de dança (ND). Para avaliar a PDC foi aplicado o Procedimento de Marcação do Esquema Corporal, que permite calcular o Índice de Percepção Corporal (IPC) geral e por segmentos corporais (altura; ombro; cintura e quadril). Para classificar a PDC a partir do índice de percepção corporal foram utilizados os seguintes valores de referência: IPC geral igual ou inferior a 99,3% caracteriza subestimação do tamanho corporal (hipoesquematia), valores entre 99,4% e 112,3% caracterizam uma percepção da dimensão corporal adequada e valores iguais ou superiores a 112,4% caracterizam uma superestimação do tamanho corporal (hiperesquematia). Para análise dos dados foi utilizado o teste "t" de Student para comparar o IPC geral entre os grupos e ANOVA (análise de variância) com medidas repetidas para comparar a percepção entre os segmentos corporais. Com relação ao IPC geral, o GD foi classificado como adequado (IPC médio do grupo:108,2%), já o grupo ND, hiperesquemático (IPC médio do grupo: 113,7%). Foi observada diferença estatisticamente significante em relação à percepção da largura da cintura, sendo superestimada em todos os participantes (F=15,04; p=0,00), isso pode ser atribuído ao fato de serem grupos predominantemente compostos por participantes do sexo feminino. Grande parte dos estudos aponta que as mulheres apresentam maior insatisfação com a dimensão corporal, pois sofrem influência de fatores socioculturais que determinam um estereótipo magro como padrão de beleza. Conclui-se que a prática da dança contemporânea pode contribuir para uma percepção da dimensão corporal adequada, embora a cintura tenha sido superestimada em ambos os grupos.