Resumo

A Ginástica Rítmica caracteriza-se por ser essencialmente feminina, e conter grande variedade de movimentos artificiais, dinâmicos ou estáticos, de difícil coordenação, executados em coreografias com aparelhos e acompanhamento musical. Configura-se entre os aspectos principais da teoria do treinamento esportivo a especificidade da modalidade. Assim, dentre características desejáveis em ginastas estariam a capacidade de superar o estresse, e ter controle das emoções. Níveis altos de estresse interferem em tarefas que requerem habilidades complexas, de controle muscular fino, coordenação e concentração, como é o caso da GR. Acreditase que a competição esportiva pode ser geradora de estresse, devido a estressores internos e externos do esporte, que podem desestabilizar o atleta, antes e durante a competição. Dessa forma, esse estudo pretende verificar níveis de estresse e recuperação percebidos por atletas adolescentes de Ginástica Rítmica, de um clube do interior de São Paulo em situação pré-competitva, durante os Jogos Regionais de 2014. O instrumento utilizado foi o RESTQ-Sport, um questionário que contém 77 questões, com uma escala Likert de 0 a 6 (0 - nunca / 6 - sempre), classificadas em 19 escalas, que avalia a frequência do estado de estresse atual em conjunto com a frequência de atividades de recuperação associadas. As 19 escalas são divididas em Estresse Geral, Recuperação Geral, Estresse Específico do Esporte e Recuperação Específica do Esporte. Seis ginastas de idade entre 11 e 15 anos responderam o instrumento no momento que antecedeu sua participação na competição. Os resultados da coleta foram analisados em média e desvio padrão. Em Estresse Geral, as médias foram baixas. Porém nas escalas Estresse Emocional e Estresse Social, apesar da baixa média, houve um desvio padrão moderado ou alto. (Estresse Emocional 2,45 ±2,29, e Estresse Social 2,20 ±3,18). Em Recuperação Geral, as médias foram altas, maiores que 3,04. Com relação a Estresse Especifico do esporte, as médias foram baixas, contendo na escala denominada Distúrbio nos Intervalos, a menor média de todo o estudo. Por fim, em Recuperação Específica do Esporte, as médias foram consideradas altas, contendo na escala Aceitação Pessoal, a maior média em todo o estudo. Dessa forma, foi possível observar equilíbrio entre os processos de estresse e recuperação, podendo-se verificar que as atletas se adaptaram adequadamente às exigências psicofisiológicas do treinamento. Contudo, devido ao fato de serem atletas jovens, de uma modalidade que exige muito dos aspectos físicos e psicológicos, e considerando que se constatou alto desvio padrão em duas escalas de Estresse Geral, há de se considerar um acompanhamento dessas atletas e suas demandas, bem como de aspectos específicos do treinamento infanto-juvenil. Seria ideal que esses níveis de estresse fossem monitorados, com o objetivo de se prevenir possíveis ocorrências de overtraining, burnout e especialização precoce.

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