Resumo

A percepção dos trabalhadores sobre os efeitos da ginástica laboral (GL) é fundamental para avaliar a eficácia dessa prática na promoção da saúde e prevenção de doenças ocupacionais. A GL se baseia na prática de exercícios físicos regulares e específicos às características laborais, realizados durante o expediente de trabalho. Dentre os benefícios da GL, pode-se citar a melhora da saúde, redução do estresse, aumento da produtividade e promoção do bem-estar geral dos trabalhadores. Este estudo teve como objetivo investigar a percepção dos trabalhadores sobre os efeitos da GL. A pesquisa foi caracterizada como quantitativa, transversal e exploratória. A amostra foi do tipo intencional e não-probabilística, composta por 176 trabalhadores de uma empresa industrial da região metropolitana de São Paulo. A amostra incluiu 54% de homens e 46% de mulheres, com idades variando de 25 a 55 anos. Foi utilizado um questionário estruturado para avaliar a percepção dos efeitos da GL. O questionário incluiu itens que mediram a importância do programa na jornada de trabalho, melhora na disposição, postura, redução do estresse, aumento da concentração, melhora no relacionamento com colegas, bem-estar geral, redução de dores e desconfortos musculares, redução de ausências ou faltas ao trabalho, e melhora da produtividade. Cada item foi avaliado em uma escala Likert de cinco pontos, variando de "discordo totalmente" a "concordo totalmente". Para a análise estatística foi utilizado o software SPSS versão 19.0, empregando-se o teste Qui-quadrado para variáveis categóricas e o coeficiente de correlação de Spearman para variáveis numéricas. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da UNICAMP (nº parecer: 1.488.201). Os principais resultados indicaram que 85% dos trabalhadores consideraram a GL importante em sua jornada de trabalho (p < 0.01), 83% relataram melhora na disposição para o trabalho (p < 0.01), 80% relataram melhora na postura (p < 0.01), e 75% relataram redução do estresse (p < 0.01). Além disso, 78% perceberam um aumento na concentração (p < 0.01), 82% relataram melhora no relacionamento com colegas (p < 0.01), e 85% relataram melhora no bem-estar geral (p < 0.01). A redução de dores e desconfortos musculares foi relatada por 79% dos participantes (p < 0.01), enquanto 70% perceberam redução de ausências ou faltas ao trabalho (p < 0.01) e 80% relataram melhora na produtividade (p < 0.01). Conclui-se que a percepção dos trabalhadores sobre os efeitos do programa de GL é amplamente positiva, contribuindo significativamente para a melhoria da saúde física e bem-estar no ambiente de trabalho. Entretanto, o estudo apresenta algumas limitações. A amostra não-probabilística pode não representar adequadamente todas as populações de trabalhadores e os dados foram coletados em uma única empresa, limitando a generalização dos resultados. Sugere-se que futuros estudos utilizem amostras maiores e mais diversificadas, incluindo múltiplas empresas e setores para confirmação dos achados. Além disso, pesquisas longitudinais poderiam avaliar os efeitos da GL ao longo do tempo, proporcionando uma compreensão mais profunda dos benefícios sustentáveis desta prática no ambiente de trabalho.

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