Resumo

2015-08-13

Destaca-se a importância que a prática de atividade física tem no tratamento e prevenção do diabetes mellitus tipo 2 (DM2). Porém, mais estudos são necessários para fornecer um entendimento completo das relações físicas e sociais entre a percepção do ambiente e o estilo de vida em diferentes contextos brasileiros e populações, em especial o DM2. Nesta direção, este estudo de natureza descritiva observacional buscou analisar a percepção do ambiente para a prática de atividade física de lazer e caminhada como forma de deslocamento de pessoas com DM2 da cidade de Ribeirão Preto - SP. Participaram do estudo 86 pessoas participantes do projeto de pesquisa "Apoio Telefônico para o Monitoramento em Diabetes mellitus - ATEMDIMEL", entrevistados no momento inicial do estudo, atendidas no Distrito Oeste de Saúde no município de Ribeirão Preto - SP, em 2013. Foram utilizados dados de três instrumentos: um questionário contendo as variáveis sociodemográficas e clínicas; o International Physical Activity Questionnaire versão longa, utilizado a avaliação dos domínios na atividade física de lazer e o domínio do transporte, sendo a caminhada como forma de deslocamento; e a escala adaptada Neighborhood Environmental Walkability Scale que avalia a relação entre ambiente e atividade física na comunidade. Das 86 pessoas entrevistadas, a maioria, eram pessoas acima de 60 anos, mulheres, aposentados e com baixa renda. Em relação ao controle metabólico, muitos dos dados clínicos foram considerados alterados, como a glicemia de jejum, o colesterol de lipoproteína de alta densidade, triglicérides, e hemoglobina glicada. A maioria não atingiu a recomendação de pelo menos 150 minutos por semana de prática atividade física de lazer e caminhada como forma de deslocamento. A cada conveniência mais próxima da residência do sujeito, teve 0,60 chances de praticar atividade física de lazer, e quem recebe convites amigos e vizinhos teve 10,58 mais chances. Quase 50% dos sujeitos identificaram que existe praça ou local para caminhar a menos de 10 minutos de sua residência, e a maior parte do ambiente percebido foi considerada boa ou regular. Porém, locais considerados mais propícios para a prática de atividade física, como parque, clube, quadra de esportes, campo de futebol e academia de ginástica/musculação foram percebidos como longe da residência dos sujeitos. Quando identificaram feira próxima de sua residência e ruas planas próximas a residência, apresentaram 0,15 e 5,37 vezes mais chance de caminhar como forma de deslocamento, respectivamente. Diante dos resultados observados, podemos considerar a necessidade de ações para adequação dos espaços e de educação da população para um estilo de vida mais ativo. É importante que se estimule o paciente utilizar o ambiente físico e social para benefício de sua saúde, como espaços públicos adequados que propiciem a prática de atividade física de lazer e caminhada como forma de deslocamento como parte do tratamento, assim como o apoio social, entre amigos e familiares, para o suporte contínuo das atividades. Estudos mais específicos e abrangentes são necessários para que possamos investigar melhores intervenções para o incremento de atividade física nessa população
 

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