Resumo

As crianças que cruzam os estereótipos sexuais acabam sendo percebidas como divergentes em termos de gênero (comportamentos característicos de sexo oposto). Essa divergência é expressa pelo comportamento motor, ou seja, a forma de sentar, falar, caminhar, jogar, etc. Portanto definir padrões motores adequados para meninos e meninas torna-se inviável quando não consideramos as influências sociais dos papeis de gênero de cada sociedade. Esta pesquisa tem como principal objetivo estudar a influência dos estereótipos de gênero na percepção e avaliação no desenvolvimento motor de meninos e meninas, bem como o impacto do desenvolvimento motor cruzado em algumas crianças na percepção docente sobre relações de gênero. É uma pesquisa de campo, não probabilística, caracterizada como descritiva-comparativa e correlacional. Foram avaliados alunos de ambos os sexos, com idade entre 10 e 15 anos de uma escola da rede pública do Município de São José – SC. Para cumprir com os objetivos propostos utilizou-se dois instrumentos: para o desenvolvimento motor a Escala de Desenvolvimento Motor – EDM (Rosa Neto) e para a Identidade de Gênero um instrumento elaborado pela autora, a Entrevista de Identidade de Gênero. Além da utilização desses instrumentos, foi realizada uma observação informal. Os principais resultados encontrados foram que tanto ao comparar-se os sexos, quanto ao comparar-se os gêneros, não foram encontradas muitas diferenças motoras, porém foram encontradas diferenças significativas em termos de identidade de gênero principalmente entre a preferência esportiva desses alunos. Esses resultados vêem reforçar nossa crença de que os estereótipos sexuais criados e impostos pela sociedade influenciam diretamente na escolha e prática esportiva tanto em ambiente escolar, quanto fora deste. Ou, ainda, que as crianças já tenham uma predisposição genética ou epigenética.