Resumo

Os sintomas da fibromialgia (FM) são multifacetários, com alterações nos sistemas nociceptivo, endócrino e comportamentais, bem como a presença de excesso de peso, comprometimento na funcionalidade, reduzida produção de força muscular e de maior número de quedas. O objetivo deste estudo foi avaliar a relação entre sintomas da FM, estresse psicofisiológico, modificações no perfil glicêmico, aspectos da produção de força muscular e quedas em mulheres com FM. Participaram deste estudo 60 mulheres entre 26 e 52 anos de idade (grupo FM: 30 e grupo Controle: 30). Foram realizadas mensurações antropométricas (massa corporal, estatura, circunferência abdominal), caracterização da FM (intensidadeda dolorosa, limiar da dor, impacto da FM na qualidade de vida), avaliação do estresse psicofisiológico (percepção e sintomas de estresse, concentrações do hormônio adrenocorticotrófico plasmático, cortisol do cabelo, salivar e plasmático, e sintomas depressivos), determinação do perfil glicêmico (concentrações plasmáticas de glicose, hemoglobina glicolisada e insulina), avaliação da produção de torque muscular (pico e taxa de determinação de torque, nível de ativação voluntária e atividade elétrica) e determinação do número e dos motivos de quedas. As mulheres com FM apresentaram maior estresse psicofisiológico, resistência insulínica, menor funcionalidade, reduções na produção de torque muscular e maior número de quedas, sendo os tropeços as principais razões para as quedas. Além disso, o estresse psicofisiológico parece ter tido papel importante no desencadeamento dos sintomas de FM, estando relacionado às características da FM. A presença de resistência insulínica foi diretamente associada aos sintomas depressivos, mas não especificamente com o estresse psicofisiológico. A baixa funcionalidade e a reduzida produção de torque muscular foram explicadas parcialmente pela resistência insulínica (36%) e pela hemoglobina glicolisada elevada (21%), respectivamente. O maior número de quedas foi relacionado à menor concentração de cortisol salivar, bem como associado à presença de resistência insulínica, à maior coativação do músculo gastrocnemio durante a dorsiflexão e à produção de torque reduzida dos platiflexores e dorsiflexores. Particularmente, o tropeço foi explicado pelo menor tempo de diagnóstico da FM, elevada concentração de hemoglobina glicolisada, baixo desempenho no testes de equilíbrio/agilidade e maior coativação do músculo tibial anterior durante plantiflexão do tornozelo. O entendimento destes processos, possibilita maior esclarecimento sobre os fatores que afetam negativamente as atividades cotidianas de indivíduos com FM e, dessa forma, pode viabilizar diagnósticos mais objetivos e precisos para o estabelecimento de medidas interventivas mais eficazes para esta população. 

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