Resumo
Um estilo de vida fisicamente ativo parece estar associado à saúde física e mental, maior bem-estar e qualidade de vida. Durante a infância e adolescência, a atividade física habitual tem sido apontada como importante componente, sobretudo, para evitar doenças na idade adulta. No entanto, tal componente pode sofrer modificações negativas ainda nessa faixa etária e modeladores sociais e comportamentais têm sido apontados como importantes variáveis influenciadoras nessa atividade. Logo, o objetivo deste estudo foi investigar a percepção de escolares e de pais quanto à prática de atividade física habitual. O estudo utilizou delineamento transversal e metodologia correlacional. A amostra foi constituída por 306 escolares, do sexo masculino e feminino, com idade compreendida entre 8 e 14 anos devidamente matriculados e cursando entre a 3ª e 8a séries do Ensino Fundamental de uma escola da Rede Pública de Ensino da cidade de Londrina-PR. As características gerais foram descritas em média e desvio padrão. Para as variáveis categóricas, foram calculadas prevalências e intervalos de confiança de 95% (IC95%). O teste Qui-quadrado analisou possíveis associações entre as variáveis independentes e dependentes. A Regressão de Poisson foi utilizada para construir um modelo para as associações observadas. Os resultados indicaram que o escore médio da atividade física habitual dos escolares foi de 2,2 pontos (PAQ-C) e a assistência à televisão foi de 2,7 horas/dia. A prevalência de inatividade física nos escolares foi de 86,6%. Variáveis associadas com a atividade física de escolares foram: sexo (X2=5,650; P=0,017), percepção do escolar sobre a atividade física (X2=4,795; P=0,029) e a quantidade de automóveis (X2=6,084; P=0,014). O estado nutricional esteve associado com a percepção do escolar sobre atividade física (X2=8,472; P=0,004) e a quantidade de televisores em casa (X2=6,831; P=0,009). A atividade física foi menor no sexo feminino (RP=0.95 [0.92-0.99]) e naqueles que possuem menos automóveis (RP= 0.92 [0.85-1.00]). Esta prevalência também foi maior em escolares conscientemente ativos (RP=1.07 [1.03-1.10]) e daqueles com responsáveis com elevada percepção sobre a atividade física de escolares (RP=1.05 [1.02-1.08]). A obesidade em escolares foi menor naqueles com responsáveis solteiros (RP=0.93 [0.89-0.99]), maior em escolares conscientemente ativos (RP=1.12 [1.01-1.24]) e em escolares que possuem muitos televisores em casa (RP=1.08 [1.01-1.14]). Os resultados sugerem que escolares desta amostra, superestimam os níveis reais da atividade física habitual. A percepção dos responsáveis sobre a atividade física dos escolares também foi considerada elevada e superestima a atividade física habitual dos escolares.