Percepções de Justiça Social e Atitudes de Estudantes Pré-vestibulandos e Universitários Sobre as Cotas Para Negros e Pardos nas Universidades Públicas
Por Marcus Eugênio O. Lima (Autor), Paulo S. C. Neves (Autor).
Em Revista Brasileira de Educação - ANPED v. 12, n 34, 2007. Da página 17 a 38
Resumo
Um dado novo nas relações racializadas no Brasil nos últimos anos tem sido o das políticas de ação afirmativa para minorias étnicas. A política de cotas de acesso para negros e pardos nas universidades públicas tem gerado um intenso debate sobre questões de discriminação e de identidade racial que antes não pareciam pertinentes no país que possui a maior população negra vivendo fora da África. A fim de analisarmos a relação entre as percepções de justiça social e os posicionamentos de estudantes sobre as cotas, realizamos dois estudos em Aracaju envolvendo estudantes de dois cursinhos pré-vestibulares (um público e um privado) e estudantes de todos os cursos da Universidade Federal de Sergipe. Os resultados indicam forte rejeição às cotas, sobretudo na universidade. Pensamos que essa resistência pode indicar tanto uma recusa a uma transformação do modelo de justiça liberal, pautado no mérito individual, quanto uma resistência ao tipo de ação apenas midiática em que as cotas se estão transformando na sociedade brasileira.