Perfil Cardiopulmonar de Corredores de Rua Atletas e Não Atletas Caracterizados Por Nível de Desempenho Esportivo
Por Anselmo José Perez (Autor), Elaine Dalman Milagre (Autor), Luciana Carletti (Autor), Kamilla Bolonha Gomes (Autor), Thiago Fernando Lourenço (Autor), Leonardo de Sousa Fortes (Autor).
Em Revista Brasileira de Ciência & Movimento v. 26, n 1, 2018. 11 Páginas.
Resumo
Na literatura existem estudos relacionados ao desempenho cardiopulmonar de corredores de rua, no entanto, nenhum deles os comparou considerando diferentes níveis de desempenho. O objetivo foi identificar o perfil cardiopulmonar no teste de esforço máximo de corredores de rua capixabas. Foram avaliados 59 indivíduos com idade entre 20 e 45 anos, classificados em três grupos homogêneos a partir de um ranking em provas de corrida de rua: elite (GE), amador (GA) e não atleta (GNA). Todos passaram por um teste cardiopulmonar de exercício (TCPE) com protocolo de rampa em esteira, sendo analisado nas fases do limiar anaeróbio ventilatório (LAV), ponto de compensação respiratória (PCR) e máximo (MÁX). Comparou-se os três grupos por análise de variância de uma via, seguida do teste post-hoc de Tukey (p<0.05). Houve diferenças significativas entre os grupos em relação ao VO2 (ml.kg-1.min-1) e velocidade no LAV, PCR e MÁX em ambos os sexos, sendo entre os homens os valores superiores para os grupos com maior nível de desempenho (GE>GA>GNA), e entre as mulheres, GE foi semelhante a GA, diferindo apenas de GNA. Não houve diferenças entre os grupos para VO2 (L.min-1), frequência cardíaca (FC) e razão da troca respiratória (RTR), em ambos os sexos. Os dados sugerem que apesar de a capacidade aeróbia máxima e submáxima ter sido superior para os grupos com maior nível de desempenho entre os homens, para as mulheres não há diferença entre GE e GA, bem como entre GA e GNA, as variáveis mensuradas nesta pesquisa remetem a um cuidado especial para o planejamento de treinos de corrida para os diferentes grupos. Além disso, diferente do GE masculino, corredoras de rua capixaba não atingiram nível de desempenho de alto rendimento.Referências 1. Neitz KM. Guia Runner’s World de corrida de rua: como treinar para provas de 5 km, 10 km, meia-maratona e maratona. São Paulo: Editora Gente; 2010. 2. CBAt - Confederação Brasileira de Atletismo. Brasil. Disponível em: http://www.cbat.org.br/programas_apoio/prog_ apoio_cor_elite_14.pdf [2014 jul 09]. 3. Costill D, Branam G, Eddy D, Sparks K. Determinants of Marathon Running Success. Int Z Angew Physiol. 1971; 29(3): 249-254. PEREZ et al. 114 R. bras. Ci. e Mov 2018;26(1):105-115. 4. Billat V, Leprete PM, Heugas AM, Laurence MH, Salim D, Koralsztein JP. Training and Bioenergetic Characteristics in Elite Male and Female Kenyan Runners. Med Sci Sports Exerc. 2003; 35(2): 297-304. 5. Midgley AW, Mcnaughton LR, Wilkinson M. Is there an Optimal Training Intensity for Enhancing the Maximal Oxygen Uptake of Distance Runners? Empirical Research Findings, Current Opinions, Physiological Rationale and Practical Recommendations. Sports Med. 2006; 36(2): 117-132. 6. Zamparo P, Perini R, Peano C, di Prampero PE. The Self Selected Speed of Running in Recreational Long Distance Runners. Int J Sports Med. 2001; 22(8): 598-604. 7. Rabadán, Calderón FJ, Benito PJ, Peinado AB, Maffulli N. Physiological determinants of speciality of elite middleand long-distance runners. J Sports Sci. 2011; 29(9): 975-982. 8. Chicharro J, Hoyos J, Lucia A. Effects of endurance training on the isocapnic buffering and hypocapnic hyperventilation phases in professional cyclists. Br J Sports Med. 2000; 34(6): 450-455. 9. Bertuzzi RC, Bueno S, Pasqua LA, Batista MB, Roschel H, Acquesta FM, et al. É possível determinar a economia de corrida através do teste progressivo até a exaustão? Rev Bras Educ Fís Esp. 2010; 24(3): 373-378. 10. Maughan RJ, Leiper JB. Aerobic capacity and fractional utilisation of aerobic capacity in elite and non-elite male and female marathon runners. Eur J Appl Physiol Occup Physiol. 1983; 52(1): 80-87. 11. Perez AJ. Quem são os atletas e os não atletas no processo de treinamento? Rev Bras Cienc Esporte. 2000; 21(2/3): 129-132. 12. Krieger MCR. Alguns Conceitos para o Estudo do Direito Desportivo. Ver Bras Dir Desportivo. 2002; 1: 24-30. 13. Pollock M, Wilmore J. Exercícios na saúde e na doença. Rio de Janeiro: MEDSI; 1993. 14. Meneghelo RS, Araújo CGS, Stein R, Mastrocolla LE, Alburquerque PF, Serra SM. Sociedade Brasileira de Cardiologia. III Diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia sobre Teste Ergométrico. Arq Bras Cardiol. 2010; 95(5): 1-26. 15. Howley ET, Basset DR, Welch HG. Criteria for maximal oxygen uptake: review and commentary. Med Sci Sports Exerc. 1995; 27(9): 1292-1301. 16. Beaver WL, Wasserman WL, Whipp BJ. A new method for detecting anaerobic threshold by gas exchange. J Apll Physiol. 1986; 60(6): 2020-2027. 17. Caiozzo V, Davis JA, Ellis JF, Azus JL, Vandagriff R, Prietto CA, et al. A comparison of gas exchange indices used to detect the anaerobic threshold. J Appl Physiol Respir Environ Exerc Physiol. 1982; 53(5): 1184-1189. 18. Arrese A, Ostariz E. Skinfold thicknesses associated with distance running performance in highly trained runners. J Sports Sci. 2006; 24(1): 69-76. 19. Bale P, Bradburry D, Colley E. Anthropometric and training variables related to 10 km running performance. Br J Sports Med. 1986; 20(4): 170-173. 20. Knetchtle B, Duff B, Welzel U, Kohler G. Body mass and circumference of upper arm are associated with race performance in ultraendurance runners in a multistage race. Res Q Exerc Sport. 2009; 80(2): 262-268. 21. Seiler KS, Kjerland GØ. Quantifying training intensity distribution in elite endurance athletes: is there evidence for an “optimal” distribution? Scand J Med Sci Sports. 2006; 16(1): 49-56. 22. Loftin M, Sothern M, Koss C, Tuuri G, Vanvrancken C, Kontos A, et al. Energy expenditure and influence of physiologic factors during marathon running. J Strength Cond Res. 2007; 21(4): 1188-1191. 23. Caputo F, Stella SG, Mello MT, Denadai BS. Indexes of power and aerobic capacity obtained in cycle ergometry and treadmill running: comparisons between sedentary, runners, cyclists and triathletes. Rev Bras Med Esporte. 2003; 9(4): 231-237. 24. Esteve-Lanao J, Foster C, Seiler S, Lucia A. Impact of training intensity distribution on performance in endurance athletes. J Strength Cond Res. 2007; 21(3): 943-949. 25. Zoladz JA, Sargeant AJ, Emmerich J, Stoklosa J, Zychowski A. Changes in acid-base status of marathon runners during an incremental field test. Eur J Appl Physiol Occup Physiol. 1993; 67(1): 71-76. 26. Hagan RD, Upton SJ, Ducan JJ, Gettman LR. Marathon performance in relation to maximal aerobic power and training indices in female distance runners. Br J Sports Med. 1987; 21(1): 3-7. 27. Baumann CW, Rupp JC, Ingalls CP, Doyle JA. Anaerobic work capacity’s contribution to 5-km-race performance in female runners. Int J Sports Physiol Perform. 2012; 7(2): 170-174. 28. Bacon AP, Carter RE, Ogle EA, Joyner MJ. VO2max trainability and high intensity interval training in humans: a meta-analysis. PLoS ONE. 2013; 8(9): e73182. 29. Burrows M, Bird S. The physiology of the highly trained female endurance runner. Sports Med. 2000; 30(4): 281- 300. 30. Lynch SL, Hoch AZ. The female runner: gender specifics. Clin Sports Med. 2010; 29: 477–498. Scalco LM. Por isso corro demais... Notas etnográficas de uma corredora iniciante. RBSE. 2010; 9(25): 312-355. 31. Berg K. Endurance training and performance in runners. Sports Med. 2003; 33(1): 59-73. 115 Perfil cardiopulmonar de corredores de rua R. bras. Ci. e Mov 2018;26(1):105-115. 32. Jones AM, Carter H. The effect of endurance training on parameters of aerobic fitness. Sports Med. 2000; 29(6): 373-386. 33. Lorenz DS, Reiman MP, Naylor A. What performance characteristics determine elite versus nonelite athletes in the same sport? Sports Health. 2013; 5(6): 542-547. 34. Midgley AW, McNaughton LR, Jones AM. Training to enhance the physiological determinants of long-distance running performance. Sports Med. 2007; 37(10): 857-880. 35. Costa AM, Breitenfeld L, Silva AJ, Pereira A, Izquierdo M, Marques MC. Genetic inheritance effects on endurance and muscle strength. Sports Med. 2012; 42(6): 449-458. 36. Dias RG. Genética, performance física humana e doping genético: o senso comum versus a realidade científica. Rev Bras Med Esporte. 2011; 17(1): 62-70. 37. Myburgh KH. What makes an endurance athlete world-class? Not simply a physiological conundrum. Comparative Biochemistry and Physiology. 2003; 136: 171-190. 38. Rankinen T, Fuku N, Wolfarth B, Wang G, Sarzynski MA, Alexeev DG, et al. No evidence of a common dna variant profile specific to world class endurance athletes. PLoS ONE. 2016; 11(1): e0147330. 39. Wilber RL, Pitsiladis YP. Kenyan and ethiopian distance runners: what makes them so good? International Journal of Sports Physiology and Performance. 2012; 7: 92-102. 40. Wishnizer RR, Inbar O, Klinman E, Fink G. Physiological differences between ethiopian and caucasian distance runners and their effects on 10 km running performance. Advances in Physical Education. 2013; 3(3): 136-144.