Resumo

O consumo de oxigênio (VO2) é a variável fisiológica que melhor se correlaciona com o desempenho de endurance, e a frequência cardíaca (FC) é a variável que melhor se correlaciona com VO2, quando os testes são realizados em ambiente laboratorial. Entre os índices de FC, a variabilidade da frequência cardíaca (VFC) obteve um crescente interesse no campo esportivo por ser uma ferramenta não-invasiva para mensurar o estado de modulação autonômica cardíaca, além de ser comumente utilizada por corredores e técnicos durante o período de treinamento. Objetivos: Avaliar a relação da variabilidade da frequência cardíaca com a performance em teste incremental, economia de corrida e simulação individual de 5km (5kmIND) e coletivo (5kmCOL). Metodologia: o estudo contou com a participação de 18 corredores homens (32 ± 7 anos, 67,22 ± 7,87 kg, 1,75 ± 0,05 metros) durante etapas compostas por familiarização, registro da VFC em repouso, testes de desempenho aeróbio em laboratório, tempo de prova de simulado individual de 5 km (5kmIND) e coletivo (5kmCOL). Durante a familiarização os indivíduos realizaram a VFC de repouso e o 5kmIND. Na segunda etapa do estudo foram obtidas a VFC de repouso, seguida das variáveis ventilatórias da economia de corrida (EC), limiar ventilatório, ponto de compensação respiratória e VO2máx por um teste incremental realizado em esteira rolante, além da obtenção do VO2 durante o teste de EC e a mensuração do lactato sanguíneo após os estímulos de EC e teste incremental. O 5kmIND e 5kmCOL foram realizados em uma pista de atletismo oficial, durante a terceira e quarta etapas, respectivamente, para obter o desempenho aeróbio em simulado específico da modalidade, além das coletas de lactato imediatamente após concluírem o 5kmIND e 5kmCOL. Resultados: O VO2 apresentou correlação com os índices da VFC obtidos durante a EC8km/h: SDNN (r=0,49), RMSSD (r=0,57), HF (r=0,62) e SD1 (r=0,59) e durante o teste incremental entre VO2PCR e as variáveis da VFC SDNN (r=0,49), LF (r=0,61) e SD2 (r=0,50), e entre VO2máx com SDNN (r=0,66), RMSSD (r=0,62), LF (r=0,58), HF (r=0,58), SD1 (r=0,62) e SD2 (r=0,61). A performance mensurada durante o teste incremental, apresentou correlação significativa com a vVO2PCR e a variável LF (r=0,50), enquanto a vVO2máx apresentou correlação significativa com as variáveis de VFC SDNN (r=0,56), RMSSD (r=0,50), LF (r=0,57), SD1 (r=0,51) e SD2 (r=0,55). A análise de variância das velocidades tanto do 5kmIND quanto do 5kmCOL apresentam média de efeito principal significativo com tamanho de efeito grande, respectivamente, (F1.507,25.611=12,97; P<0,001; η2p=0,43) e (F1.269,21.577=4,430; P<0,039; η2p=0,207). Não foi encontrada média de efeito significativo (F103.545;6.091= 2.149; P=0.053; η2p=0,112) na performance entre o 5kmIND e 5kmCOL. Conclusão: As variáveis de VFC SDNN, RMSSD, LF, HF, SD1 e SD2 são ferramentas confiáveis para predizer a performance em teste cardiopulmonar de indivíduos bem treinados competitivamente. Apesar da redução de performance da V0-400m para a V400-4600, os corredores bem treinados competitivamente tiveram capacidade de suportar altas intensidades durante a simulação de tempo de prova, e que mais competidores durante o tempo de prova aumentou a performance durante a V400-4600.

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