Resumo
A análise cinemática por meio da videogrametria tem sido utilizada para a descrição de movimentos de jogadores de basquetebol, seja sob a vertente técnica, tática ou física. As cargas de treinamento físico devem ser planejadas em termos de volume e intensidade, de modo mais próximo possível das demandas solicitadas durante os jogos. De forma geral, o volume dos deslocamentos realizados pode ser caracterizado pela distância percorrida e a intensidade pelas velocidades alcançadas. A ocorrência de sucessivos períodos de esforços alternados por intervalos de recuperação faz com que a obtenção e manipulação de variáveis como duração dos esforços, número de repetições, tempo de recuperação sejam de grande importância na preparação física desta modalidade, caracterizada como intermitente Este estudo propõe uma análise das velocidades de deslocamento durante três partidas oficiais de basquetebol, classificando-as por faixa de velocidade, definindo os esforços em cada faixa pela velocidade máxima, e descrevendo para cada faixa a frequência destes esforços, a duração, os intervalos de tempo entre eles e a distância percorrida, para as posições, armador, ala-armador, ala, ala-pivô e pivô. Para tanto, três jogos do Novo Basquete Brasil foram filmados utilizando quatro câmeras de vídeo. Nas sequências de imagens dos jogos, um total de doze jogadores da mesma equipe foram rastreados e suas coordenadas 2D da posição em função do tempo foram reconstruídas utilizando o sistema Dvideo, e calculadas as velocidades de deslocamento de cada jogador. Na análise estatística, foi utilizado teste Friedman quando os resultados obtidos foram não paramétricos e ANOVA quando paramétricos, com significância adotada de p < 0.01. As velocidades foram classificadas em tempo cronometrado parado e tempo cronometrado ativo mostrando que há diferença entre essas variáveis para todas as posições, exceto entre alas e armadores, e entre ala-armadores e armadores. Médias e desvios padrão das frequências de esforços, tempo de duração, intervalos entre eles e distancias percorridas foram calculadas em três diferentes faixas de velocidades: v2 (0 a 3m/s), v3 (3,1 a 6,9 m/s) e v4 (acima de 7.0 m/s). A média do tempo cronometrado ativo foi de 46,7 ± 5,2 %. Armadores deslocaram-se mais que outras posições (6592,2 ± 422,3 m), permaneceram mais tempo na faixa v2, apresentaram tempo médio de duração de cada esforço (3,9 ± 0 s). Na terceira categoria, de 3.0 a 6,9 m/s, alas-armadores obtiveram médias maiores nas frequências de esforço; 133,3± 2,0, intervalo entre os esforços; 1578,3±75,8 e tempo de duração; 5,3±0,3s. Acima de 7,0 m/s, novamente alas-armadores obtiveram as maiores médias em todas as variáveis (frequência de esforços ;1,6±1,5, tempo de duração;6,9±6,7s, e distância percorrida; 20,4±15,1m) e pivôs obtiveram as médias menores (frequência de esforços; 1,0±1,0, tempo de duração;5,2±4,81s, intervalo entre os esforços; 931,6±1450,6 e distância percorrida; 721,2±36,1m). Em v4, novamente alas-armadores obtiveram as maiores médias nas variáveis (fe = 1,6 ± 1,5, t = 6,9 ± 6,7 s, e d = 20,4 ± 15,1 m), isso mostra uma importante característica dos alas-armadores, sujeitos a maiores esforços em velocidades entre 3,1 e 7,0 m/s, o que sugere também uma indicação de intensidade de treino para esta posição. Já pivôs obtiveram as médias menores (fe = 1,0 ± 1,0, t = 5,2 ± 4,81 s, ?t = 931,6 ± 1450,6 e d = 721,2±36,1 m), indicando que estes jogadores necessitam de um maior nível de condicionamento aeróbico, já que permanecem em categorias de menor intensidade e por mais tempo. A aplicação da reconstrução bidimensional e tracking manual utilizando o DVideo foi possível em nosso modelo experimental e sugere que há diferença quanto ao perfil da velocidade de deslocamento em diferentes posições bem como com relação as variáveis estudadas quando observadas aos valores obtidos nos três jogos analisados. Tais informações são úteis na prescrição do treinamento levando em consideração as especificidades de cada função em quadra.