Resumo

Há evidências que associam a prática de atividade física (AF) nos transtornos alimentares (TA) como método compensatório na busca do controle do peso e apetite. O objetivo da pesquisa foi determinar o perfil de AF dos pacientes atendidos no Programa de Transtornos Alimentares (AMBULIM) do Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP. A amostra foi composta por pacientes com diagnóstico de anorexia nervosa (AN, n=27), bulimia nervosa (BN, n=31) e um grupo controle (GC, n=13). A coleta de dados envolveu avaliar as variáveis da AF por meio de uma medida objetiva (acelerômetro), atividades físicas autorreferidas, e o grau de compromisso com o exercício. Variáveis nutricionais e psicológicas foram mensuradas por meio de escalas de atitudes alimentares, de insatisfação corporal, depressão e ansiedade para análise de associações. A comparação entre os grupos de AN, BN e GC, foi feita por meio de Kruskal Wallis. Para analisar as prevalências e os possíveis fatores relacionados à prática de AF foram realizados o teste Quiquadrado, a razão de prevalências (RP) e a medida de Odds Ratio (OR). Nas variáveis antropométricas, nutricionais e psicológicas o grupo controle apresentou resultados adequados, dentro das faixas limítrofes à saúde, com baixo risco para TA, níveis de depressão e de ansiedade em comparação aos grupos de TA (p<0,05). Na medida objetiva, a BN apresentou o maior tempo de duração na AF leve, em comparação aos demais grupos (p<0,001). Nas associações de RP, ao assumir uma nota de corte pela mediana, aquelas que permaneceram na AF leve no acelerômetro, por um tempo superior a 973 minutos apresentaram 2,1 vezes a prevalência de ter BN, quando comparado com quem ficou um tempo igual ou inferior; na AN a medida de risco não foi significativa. Limitações da pesquisa exigem cautela na observação dos resultados. A prática compulsiva, baseada no escore total do grau de compromisso com o exercício, não interferiu na prevalência de TA na amostra estudada. Também não foram encontradas associações entre a prática de AF e as variáveis antropométricas, nutricionais e psicológicas, exceto a insatisfação corporal. Aquelas que apresentaram insatisfação corporal tiveram 3,4 vezes mais chances de praticar AF. É necessário aprofundar os estudos e buscar instrumentos validados que auxiliem na investigação da prática excessiva e/ou compulsiva nos TA

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