Resumo

Introdução: O Karate-Do é uma das lutas mais praticadas no mundo e a crescente profissionalização do esporte, culminou com o ingresso nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020. No entanto, é necessário que o esporte caminhe também do ponto de vista científico, avançando no conhecimento das variáveis fisiológicas relevantes para o desempenho. Sob esse aspecto, entender o perfil físico, fisiológico e o comportamento das variáveis relacionadas ao desempenho físico de atletas de elite do sexo feminino no karate em fase competitiva, pode trazer informações importantes para um maior desenvolvimento do esporte, visto a carência de dados na literatura com esta população. Objetivos: Caracterizar o perfil físico e fisiológico de atletas de elite do sexo feminino da modalidade e correlacionar índices da VFC com variáveis de desempenho físico em fase competitiva. Métodos: Participaram do estudo atletas da seleção brasileira feminina de karate sênior (adulta) [6 (idade 26 ± 6 anos; estatura 160,5 ± 6,6 cm; massa corporal 58,3 ± 8,6kg; índice de massa corporal 22,5 ± 2,2 kg/m2; percentual de gordura de 17,7 ± 4,4%; massa magra 47,7 ± 5,2 kg; experiência de 17 ± 5 anos na modalidade; frequência semanal de 5 ± 1 treinos técnicos e de 5 ± 1 treinos físicos; somando volume semanal de 15 ± 4 horas). Foram avaliadas a modulação autonômica da frequência cardíaca (MAFC) por meio da variabilidade da frequência cardíaca (VFC), o consumo pico de oxigênio por meio da ergoespirometria de campo em protocolo específico denominado Karate Specific Test (KST), composição corporal, função muscular global do CORE, força muscular respiratória pela medida das pressões respiratórias máximas, testes neuromusculares para os membros inferiores pelo salto vertical contramovimento (CMJ) e o teste de força específico do soco do karate (chudan- gyako-zuki) para membros superiores. Resultados: A correlação entre o RMSSD e o tempo de exaustão do teste (r=-0,06; p=0,45), o pico de lactato (r=- 0,29; p=0,57) e o Epoc absoluto (r=-0,25; p=0,31) foi classificada como insignificante, enquanto a correlação com o consumo pico do oxigênio proposto por Tabben absoluto (r=0,34; p=0,25) e relativo (r=0,43; p=0,20) e o Epocfast (r=- 0,31; p=0,27) foi classificada como baixa, já a correlação com o pico de consumo de oxigênio absoluto (r=0,65; p=0,08), o pico de ventilação (r=0,64; p=0,08), o Epoc relativo (r=-0,51; p=0,15) e a pressão expiratória máxima (r=0,64; p=0,08) foi classificada como moderada, entretanto melhores índices de classificação na correlação com o RMSSD e com significância estatística foram a pressão inspiratória máxima (PImax) (r=0,74; p=0,04), que foi considerada alta, e muito alta em relação aos valores do pico de consumo de oxigênio relativo (r=0,98; p=0,00). Conclusão: A caracterização do perfil físico, fisiológico e antropométrico apresentou dados que diferem em alguns aspectos daqueles observados na literatura, portanto é importante caracterizar as atletas do sexo feminino de alto desempenho, visto a carência de estudos com tal população. Ainda, o índice RMSSD apresentou correlação positiva com o pico do consumo de oxigênio relativo no KST e com a PImax, indicando que a MAFC tem correlação com variáveis de desempenho aeróbio e força muscular respiratória em atletas de elite do sexo feminino em fase competitiva.

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