Resumo

Introdução: O treinamento físico sistematizado deve ser realizado respeitando a validade ecológica do esporte. Desse modo, a características fisiológicas do esporte, assim como as características do jogo devem ser conhecidas para uma correta prescrição do treinamento. Porém, no tênis de mesa essas respostas ainda não foram investigadas.

Objetivo: Desse modo, o objetivo do estudo foi analisar o perfil fisiológico do tênis de mesa, através da mensuração da respostas fisiológicas e das características do jogo de tênis de mesa mensuradas em competições oficiais, assim comparar a essas respostas em dois grupos de diferentes desempenhos.

Metodologia: Vinte mesatenistas foram participantes do estudo [doze atletas com experiência regional (RP) e oito atletas com experiência nacional (NP)]. As respostas lactacidêmica ([LAC]) e da freqüência cardíaca (FC) (apenas para o grupo RP) foram mensuradas como variáveis fisiológicas em 21 jogos oficiais de tênis de mesa e outros 12 jogos foram filmados para análise das características do jogo, como duração do rali (DR), tempo de pausa, razão esforço e pausa (E:P), tempo total de jogo (TTJ), tempo efetivo de jogo (TEJ) e freqüência de troca de bola. Essas variáveis foram analisadas pela média total dos participantes para verificação da resposta no esporte e também separada por grupo de desempenho para análise do efeito do desempenho. Foi utilizada inicialmente a estatística descritiva e posteriormente o teste "t" não pareado para a reposta da [LAC] e o teste de Wilcoxon para a análise das características do jogo, com nível de significância de 5%.

Resultados: A [LAC] verificada em todos os jogos foi de 1,8 mmol.L-1 (±0,8), enquanto que a [LAC] pico foi 2,2 mmol.L-1 (±0,8). Não existiu diferença significativa entre ambos parâmetros entre os dois grupos. A FC foi de 164 bpm (±14) e correspondeu a 81,2% (±7,4) da FC máxima predita para a idade, porém determinada apenas no grupo RP. Como características do jogo, a DR correspondeu a 3,4 s (±1,7), tempo de pausa a 8,1 s (±5,1), razão E:P a 0,4 (±0,2), tempo total de jogo de 970,5 s (±336,1), tempo efetivo de jogo de 44,3 % (±23,7) e freqüência de troca de bola de 35,3 bolas.min-1 (±7,7). Na comparação entre os dois grupos, o tempo de pausa foi menor no grupo RP do que NP. Conseqüentemente, a razão E:P e o TEJ foram maiores no grupo RP do que no grupo NP (P<0,05).

Conclusão: Esses resultados sugerem que o tênis de mesa apresenta uma maior característica do sistema aeróbio na produção de energia durante o jogo, mas com o sistema de fosfagênio ou ATP-CP como o predominante nos períodos de esforços. Essa afirmação é embasada pelas baixas repostas lactacidêmicas e da freqüência cardíaca e também pela duração do jogo e dos ralis, e essas respostas pouco se alteram em relação ao nível de desempenho dos mesatenistas.