Perfil Molecular de Expressão de Proteínas Envolvidas no Transporte de Ca2+ na Musculatura Esquelética em Modelo Genético de Cardiomiopatia Induzida Por Hiperatividade Simpática
Por Carlos Roberto Bueno Júnior (Autor), Aline Villa Nova Bacurau (Autor), Patricia Chakur Brum (Autor).
Em XI Congresso de Educação Física e Ciências do Desporto dos Países de Língua Portuguesa
Resumo
A hiperatividade simpática na insuficiência cardíaca (IC) leva a alterações na função
e ultraestrutura cardíacas que são acompanhadas por mau prognóstico. Embora os
efeitos deletérios cardíacos da hiperatividade simpática tenham sido primeiramente
reportados, sabe-se que ela também leva à disfunção e à atrofia da musculatura
esquelética (ME), contribuindo para quadros de caquexia na IC. No entanto, pouco
se conhece sobre o possível envolvimento do Ca2+ nos prejuízos da IC observados
na ME. No presente estudo foram utilizados camundongos nocautes para os
receptores α2A/α2C adrenérgicos (KO), que apresentam IC associada a 50% de
mortalidade aos 7 meses de idade e hiperatividade simpática. Objetivo: avaliar a
tolerância ao esforço físico e a expressão de proteínas envolvidas no transporte de
Ca2+ nos músculos sóleo e plantar de camundongos controle (WT) e KO aos 3, 5
e 7 meses de idade, quando a cardiomiopatia se encontra nos estágios inicial,
moderado e avançado, respectivamente. Métodos: utilizou-se camundongos machos
C57BL6 WT (n=34) e KO (n=42).A avaliação da tolerância ao esforço foi realizada
em teste progressivo máximo em esteira rolante. A expressão das proteínas Ca2+-
ATPase do retículo sarcoplasmático (SERCA2) e trocador sódio-cálcio (NCX),
ambas envolvidas no transporte de Ca2+, foi quantificada por "Western Blotting".
Resultados: observou-se intolerância ao esforço nos camundongos KO quando
comparados aos WT somente a partir dos 5 meses de idade. Nessa mesma faixa
etária há redução na expressão de SERCA2 (20%) e NCX (58%) no músculo plantar
dos camundongos KO vs WT. Já no músculo sóleo não se observou modificação
da expressão destas proteínas. Aos 7 meses de idade, quando a cardiomiopatia é grave,
os camundongos KO apresentaram redução ainda maior na expressão de SERCA2 (50%)
e manutenção na redução de NCX (53%) quando comparados aos camundongos WT.
Interessantemente, nessa idade a alteração na expressão da SERCA2 se estendeu ao
músculo sóleo, com redução de 38% vs WT. Conclusão: a intolerância ao esforço físico é
acompanhada de alterações na expressão de proteínas envolvidas no transporte do Ca2+.
Como o Ca2+ é o principal mensageiro intracelular e está relacionado a várias funções da
ME, foi interessante notar que a redução de SERCA e NCX no músculo plantar, que é
principalmente composto de fibras brancas e dependentes de Ca2+, precede a observada
no músculo sóleo (fibras vermelhas) nesse modelo genético de IC. Apoio: CNPq e
FAPESP.