Resumo

O objetivo deste trabalho foi descrever a prevalência de diferentes estados nutricionais de crianças e adolescentes brasileiros, identificando a tendência do comportamento do baixo peso, do sobrepeso e da obesidade ao longo de um período de seis anos. Este estudo de tendência foi realizado com uma amostra voluntária de 37.801 escolares, provenientes do banco de dados do Projeto Esporte Brasil (PROESPBr). A amostra foi agrupada em três períodos de tempo (I= 2005-2006; II= 2007-2008; e, III= 2009 a 2011) e por idades (crianças: 7 a 10 anos, e adolescentes: 11 a 14 anos), além de, estratificada por sexo. A massa corporal e a estatura foram avaliadas pelos professores nas escolas, e o índice de massa corporal (IMC) foi calculado posteriormente. O IMC foi classificado em baixo peso, eutrófico, sobrepeso e obesidade, conforme os critérios propostos por Conde e Monteiro (2006). Para verificação da associação entre os períodos de tempo e as categorias do perfil nutricional foi utilizado o teste do qui-quadrado de Pearson e na identificação da tendência da prevalência do baixo peso, do sobrepeso e da obesidade, ao longo dos últimos seis anos, recorreu-se ao teste de Regressão Logística Multinomial (em ambos procedimentos o nível de significância foi de 5%). Os resultados apontaram, no baixo peso, uma probabilidade da ocorrência diminuir significativamente nos adolescentes do sexo masculino do ano de 2005-06 para 2007-08, e uma probabilidade da prevalência aumentar significativamente nas crianças do sexo feminino entre o ano de 2007-08 para 2009-11, embora em todas as categorias de idade e sexo, as ocorrências tenham sido menores que 5%. Observamos no sobrepeso, uma probabilidade da ocorrência aumentar do período I para o II (2005-2006 para 2007-2008), nas crianças do sexo masculino, e prevalências sempre próximas a 20% nas demais categorias de idade e sexo. Encontramos, além disso na obesidade, uma probabilidade da prevalência aumentar significativamente do período I para o II em todas as categorias de idade e nos dois sexos, sendo que não foi observado uma permanência do aumento. Entretanto as ocorrências, tanto no sobrepeso como na obesidade, permaneceram elevadas no último período avaliado (2009 a 2011), indicando possivelmente um platô das prevalências. No entanto, a população de crianças e adolescentes brasileiros é composta por aproximadamente 30% de casos com sobrepeso e obesidade. Esses resultados apontam a importância da continuidade de investigações sobre o perfil nutricional de crianças e adolescentes e demonstram a necessidade de um planejamento de ações que proporcionem uma reversão desses achados.

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